Será preciso dar tempo ao Grêmio para se acostumar à vida sem Cebolinha. O futebol é um processo, exige algumas etapas, e algumas delas estão diante de Renato para serem superadas. Nos últimos dois anos e meio, o time se acostumou a ver o camisa 11 tirar um carta da manga para solucionar jogos intrincados, sem soluções simples. Como foi o 0 a 0 de sábado (15), com o Corinthians.
Mesmo com Tiago Nunes no banco de reservas adversário, um técnico afeito ao futebol bem jogado, de velocidade e vertical, o clube paulista mantém aquele modelo de marcação forte, transpiração e pouca luminosidade. Ver o Corinthians em ação, vamos combinar, é um programa pouco atraente. Porque ele não joga, mas também ninguém mais no campo joga.
Deu sono ver o primeiro tempo na Arena. O segundo tempo até foi mas animado, teve Jean Pyerre com lances individuais. Mas também ficou nisso. Porque o Grêmio perdeu brilho e, por vezes, pareceu um time sem soluções. Aquelas que Everton sempre tinha. E, se não as tinha, proporcionava o espaço para que algum companheiro aparecesse.
O Grêmio perdeu não só seu melhor jogador. Perdeu um atacante capaz de desmontar a marcação com um simples movimento, atraindo a atenção de dois, três adversários. Pepê, é bom que se diga, nada tem a ver com isso. Trata-se de um bom jogador e com lastro para evoluir. O problema não está nele. Mas na falta de soluções do time para encontrar alternativas quando elas não estão tão evidentes.
Renato tomou a primeira medida pós-Cebolinha, com a liberdade para que Alisson e Pepê alternem de lado, como tentativa de provocar alguma bagunça na defesa rival. Mas é pouco. Há um caminho pela frente até tornar Cebolinha algo do passado.