O Museu do Futebol, em São Paulo, preserva a memória do esporte. Nas últimas férias, visitei o espaço inaugurado, em 2008, no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu. A exposição narra de forma lúdica e interativa a história desde a chegada do futebol até virar uma paixão no Brasil. Um espaço muito legal resgata a origem das expressões brasileiras incorporadas ao esporte britânico.
Por que falamos "deu zebra" quando um time consegue uma vitória improvável? O folclórico técnico Gentil Cardoso inventou a expressão no Campeonato Carioca de 1964. Ele treinava o time da Portuguesa do Rio de Janeiro e queria surpreender os clubes grandes. Momentos antes de um jogo contra o Vasco, disse "acho que vai dar zebra".
O treinador acreditava na vitória do seu time, considerada quase impossível, assim como seria sair a zebra no jogo do bicho, porque não constava na lista de 25 animais das apostas. Naquela noite, "deu zebra". A Portuguesa ganhou do Vasco por dois a um.

A partir de 1973, a simpática Zebrinha do Fantástico, que divulgava os resultados da loteria esportiva no programa da TV Globo, ajudou a popularizar a expressão.
O jogo do bicho também está na origem de outra expressão popular no futebol brasileiro: o bicho, um prêmio extra para jogadores. Tudo começou em 1923. A torcida do Vasco da Gama fazia uma arrecadação para premiar seus jogadores.
Um empate valia um cachorro, o número cinco do jogo do bicho, ou 5 mil-réis. Uma vitória simples era um coelho, número 10, que representava 10 mil-réis. Para grandes vitórias, o prêmio máximo era uma vaca, número 25, ou 25 mil-réis. Seria também a origem da expressão fazer uma vaquinha.
A bicharada também aparece em outras expressões, como o "frango do goleiro" e o "drible da vaca". Se você pretende visitar o Museu do Futebol, vou dar uma dica. Consulte o site antes de planejar o passeio, porque a entrada é gratuita para todos os visitantes uma vez por semana.