A evolução dos trajes de banho gerou reações dos conservadores nas praias. No final do século 19 e no início do século 20, as roupas de homens e mulheres cobriam quase todo o corpo. O encurtamento dos trajes foi gradual. Em 1973, um episódio marcou o veraneio em Tramandaí. Mulheres com biquínis curtos foram expulsas da praia.
Em 24 de fevereiro, um sábado, duas jovens ouviram vaias e aplausos quando tentavam bronzear os corpos nas areias do balneário no Litoral Norte. Em pouco tempo, uma multidão se aglomerou em volta das mulheres. Elas não eram extraterrestres que aterrissaram na praia. A curiosidade estava no traje de banho: a tanga, versão mais curta da parte inferior dos biquínis inventados na França.
A edição de segunda-feira de Zero Hora estampou na capa a foto acompanhada da manchete "Tanga provocou confusão". Reportagem detalhou que centenas de veranistas se aglomeraram no entorno das mulheres. O episódio "poderia ter consequências trágicas".
A multidão pisoteava tudo pela frente para se aproximar das mulheres, ao ponto de machucar banhistas. Um grupo gritava "tira, tira, tira ...". Os policiais militares foram insuficientes para conter os ânimos.
As mulheres de tanga não puderam permanecer na praia. Escoltadas pelos PMs, saíram da areia e entraram em um Fusca com placa do Rio de Janeiro.
No final dos anos 1940, os "maiôs Bikini" chegaram às praias do Rio de Janeiro. O traje de duas peças, mais ousado do que os maiôs, era uma novidade na França, alvo de polêmica em outros países. A adesão das brasileiras não foi imediata. O nome da roupa de banho deriva do Atol de Bikini, no Oceano Pacífico, local de explosões atômicas experimentais.
A tanga foi uma evolução do biquíni. Em 1974, a revista O Cruzeiro publicou que "na areia fina do Píer de Ipanema nasceu a tanga que hoje veste - ou quase - o corpo de mulheres bonitas em todo o mundo". O traje era grande comparado ao biquíni fio-dental, que causou polêmica mais tarde.