Guri é o menino no Rio Grande do Sul. Guria, a menina. Os gaúchos também chamam os guris e gurias de piá, termo válido para os dois gêneros. A língua portuguesa oferece muitas opções para citar as crianças, desde garoto até moleque, pirralho e fedelho. Os portugueses falam nos miúdos.
As expressões variam nas regiões do Brasil. As palavras também precisam ser entendidas no contexto da conversa ou do texto, porque ganham outros significados.
A gurizada ou piazada pode já ter mais de 12 anos, até ser adulta. São expressões para citar, por exemplo, um grupo de velhos amigos, que se conhecem desde os tempos de guri ou piá.
Em alguns casos, as palavras podem ser pejorativas. Quando um adulto faz uma coisa errada, com imaturidade, outro poderá dizer que é "coisa de guri" ou "coisa de piá".
Na linguagem popular, as palavras "guri" e "piá" estão em uso há muito tempo. No passado, a escrita era "gury". No final do século 19, o cavalo Gury fazia sucesso nos páreos dos hipódromos de Porto Alegre. Em 1899, o jornal A Federação noticiou a ação de um gatuno no Prado Rio-Grandense, um "gurysinho" que fugiu.
Qual a origem das palavras "guri" e "piá"? São contribuições dos povos indígenas. Para entender o sentido, procurei o lexicógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Eduardo Navarro, especialista em tupi antigo.
Navarro esclarece que a palavra guri provém do tupi antigo "kuri" e "designa variedades de bagre". A expressão "piá" tem origem no termo tupi "pi'a", que significa "meu filho".
O Troféu Guri é uma tradicional distinção do Grupo RBS para reconhecer quem promove o Rio Grande do Sul para além do pago.
O Almanaque Gaúcho compartilha acima duas fotos publicadas pela Revista do Globo nos anos 1930. Os guris estão com a indumentária gaúcha.