Em uma produção caseira, Leopoldo Celestino Killing deu origem a uma das maiores fabricantes de tintas do Brasil. Ele aproveitou, 60 anos atrás, o momento de expansão do polo calçadista do Vale do Sinos. A Tintas Killing nasceu em 25 de maio de 1962, em Novo Hamburgo, como fabricante de tintas para calçados.
Quem melhor do que o pintor para entender de tinta? Celestino era pintor, pintava casas, mas a maior parte do trabalho vinha dos letreiros de placas, caminhões e ônibus. Ao lado de um irmão, mantinha um atelier nos fundos da casa da família na Avenida Frederico Linck. Com estudos até o 5º ano do primário, era um autodidata. Sempre curioso, gostava de ler. A tinta "rala" o incomodava. Como tempo é dinheiro para um pintor, ele viajava a Porto Alegre para comprar pigmentos para aumentar a cobertura da tinta e concluir a pintura com mais rapidez, em uma ou duas demãos.
Na década de 1960, com aumento das exportações de calçados no Vale do Sinos, empresários procuravam fornecedores de tinta para esconder as falhas no couro, provocadas pela produção ainda muito artesanal. Celestino viu uma oportunidade. Adaptando o antigo atelier, a produção de tinta para calçados começou nos fundos da casa, onde morou com a esposa e nove filhos. Nos primeiros tempos, funcionários almoçavam com a família.
Em 1969, a empresa foi transformada em sociedade anônima. Celestino buscou pequenos investidores, que se tornaram acionistas. A produção crescia e um novo espaço era necessário. Comprou terreno do bairro Industrial, onde a empresa está desde 1972.
A Killing ampliou a linha de produtos e passou a oferecer adesivos (cola) para calçado. Um momento importante para a marca foi a compra das Tintas Tucano, de Porto Alegre, em 1971. A empresa da capital gaúcha foi fechada, mas o tucano acabou incorporado ao logotipo da Killing. Com a aquisição, foi ampliada a área de atuação para tintas prediais e industriais.
Depois de 40 anos à frente da empresa, o fundador repassou o comando para o filho Milton Killing, atual diretor-presidente. Em 2015, Celestino faleceu aos 92 anos.
Depois de seis décadas, a empresa com matriz em Novo Hamburgo mantém filiais na Bahia, Argentina e México. A Killing S.A. Tintas e Adesivos tem produção mensal de três milhões de litros e equipe de quase 500 colaboradores. Por uma questão de demanda do mercado, a produção de tinta para calçados, primeiro produto de Celestino, não é mais fabricada.
Colabore com sugestões sobre curiosidades históricas, imagens, livros e pesquisas pelo e-mail da coluna (leandro.staudt@rdgaucha.com.br)