Retornar aos municípios atingidos pela enchente no Vale do Taquari é revisitar sentimentos de profunda tristeza e vontade de ajudar. Foi o que aconteceu comigo durante esta terça-feira (3), em que Rádio Gaúcha e GZH levaram seus comunicadores mais uma vez ao front para retratar a situação dessas comunidades um mês após o início da tragédia que resultou em morte e destruição.
Em Lajeado, estive com uma família que emocionou nosso público e gerou uma onda de solidariedade. Moisés Carvalho passou três dias e duas noites na laje da própria casa acreditando que a água baixaria — apesar dos apelos, não queria deixar os pertences que levou uma vida inteira para adquirir. Durante esse tempo, a esposa, Josiane, e os dois filhos estavam abrigados no Parque do Imigrante com a angústia de quem não tinha notícia alguma.
A história da família mobilizou muita gente. Agora, com o dinheiro recebido de doações, os quatro deixarão a área que é atingida toda vez que o rio sobe. A gratidão veio na voz da filha Nayara, 11 anos:
— Queria agradecer muito essas pessoas que doaram. Cada centavo faz muita diferença. Cada centavo parece mil reais.
Já em Estrela, foi a vez de conversar com pessoas improvisadas há um mês em um ginásio. De crianças a idosos, todos aguardam pela notícia que ainda não chegou: a do retorno para casa. São histórias como a da Ivete, que viu a moradia ser destruíuda pela água.
— O lugarzinho que construí desde os 17 anos trabalhando... Não tenho mais nada na vida, a não ser minhas três filhas e meus netos — disse com lágrimas nos olhos.
A fala da Ivete emocionou a mim e a quem nos acompanhava no Timeline. Terminei a entrevista — e não podia ser diferente — com um abraço. São Ivetes, Moisés, Nayaras e Josianes que acham força (e recebem ajuda) quando parece que quase tudo está acabado.