Relaxa, o título é apenas uma provocação. De longe, o menor dos problemas é o título de paraquedista ostentado pelo novo ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. Há quadros bem piores no governo, diga-se de passagem. E há, pasmem, méritos na gestão do agora titular da pasta que deveria ser tratada (ao lado da Economia) como uma das mais importantes em meio à pandemia do coronavírus.
Relatam governadores e prefeitos que a chegada do general ao cargo - esteve interino desde maio até esta terça-feira, 15 de setembro - trouxe ao menos o retorno da interlocução por parte do governo federal. Em tempos de "gripezinha" do coronavírus, já ajuda quem não atrapalha.
Pazuello esteve no comando das ações do ministério desde a demissão do oncologista Nelson Teich,em 15 de maio. Foi Teich, aliás, quem o elogiou à coluna, destacando a experiência com a organização e logística para distribuição de equipamentos necessários (para Estados e municípios) no combate à pandemia. No currículo, Pazuello tem como um dos predicados o fato de ter sido o coordenador logístico das tropas do Exército empregadas nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no Rio de Janeiro.
Há de se considerar, contudo, que o comandante da Saúde não tem sequer formação técnica para tal - o que na esfera política, aliás, não é nenhuma novidade. À época da demissão do primeiro ocupante da Saúde no governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, interlocutores já apostavam que o capitão optaria por alguém sem formação ou familiaridade com o tema, o que menos tinha a ver com "presidencialismo de coalizão" e mais com a defesa indiscriminada da cloroquina.
Como se sabe, Bolsonaro apostou todas as suas fichas (levando junto consigo seus fieis apoiadores) no incentivo ao uso de um medicamento sem comprovação científica como solução milagrosa para o coronavírus. Após a saída de Teich (que sucedeu Mandetta), a gestão Pazuello assumiu de vez o movimento #cloroquinaacimadetudo. Foi em Bagé, aliás, que o presidente Jair Bolsonaro produziu a grotesca cena em que expõe a caixa do medicamento como uma hóstia a seus apoiadores.
A efetivação de Pazuello traz ainda outros componentes interessantes a serem analisados no xadrez político, entre eles o fato de o general ainda ser um militar da ativa e a pressão para que se desloque, então para a reserva. Ele tem pouco mais de um ano de carreira militar ativa antes da aposentadoria, conforme informou a colunista Basília Rodrigues, da CNN.
Enquanto isso, o Brasil ostenta a triste marca de mais de 130 mil vidas perdidas por causa da pandemia.