Está certo o governador Eduardo Leite (PSDB) ao priorizar professores na ativa e futuros educadores em detrimento dos profissionais aposentados no Rio Grande do Sul? O Cpers, sindicato que representa a categoria, sustenta que não. O governador, que apresentou um amplo pacote para reestruturar carreiras do funcionalismo público, entende que sim e por isso defende a aprovação do novo plano de carreira para o magistério estadual.
É negativa a avaliação sobre o pacote em tramitação na Assembleia Legislativa, por conta do peso sobre os educadores, em especial aqueles que já deixaram as salas de aula após anos de dedicação e trabalho. O governador justifica a decisão citando a grave crise fiscal que se estende sobre a administração estadual a ponto de sequer conseguir honrar os salários em dia para os servidores do Poder Executivo.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, na Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira (16), Leite voltou a subir o tom das críticas à entidade que representa os professores gaúchos. Ele disse que é preciso fazer escolhas, diante do cenário crítico nas finanças.
Para a presidente do CPERS, Helenir Schürer, o governador demonstra "desrespeito pelo sindicato". Ouça o posicionamento da presidente do CPERS:
Para Leite, o CPERS está somente preocupado com os aposentados e pensionistas, algo que é veementemente rechaçado pela entidade.
— Não é um sindicato pela educação. É cada vez mais um sindicato de aposentados. É legítimo. Mas que assuma isso. Assuma que está trabalhando pelos pensionistas e aposentados — disparou.
Leite argumenta que, numa realidade fiscal conturbada, as medidas não tem como ser simpáticas e, neste sentido, é preciso fazer escolhas. No caso da sua gestão, a escolha pelo "futuro".
— Eu respeito os aposentados. Eu sou filho de professores que hoje estão aposentados. Mas um Estado que não tem capacidade de investimento, que tem dificuldades em relação ao pagamento dos seus servidores, ele tem que fazer opções. A escolha pra mim, claramente, é investir no futuro. E para investir no futuro, tem que mudar o plano de carreira — explicou.
A escolha de Leite em relação ao magistério ainda não foi chancelada pelos deputados e é justamente sobre ela que se debruça o maior impasse envolvendo a base aliada na Assembleia. O MDB se reunirá nesta segunda-feira para definir se dará apoio para a análise das medidas a partir de amanhã, terça-feira. Ao que tudo indica, a pressão sobre os deputados permanecerá intensa. Resta saber se o Parlamento conseguirá enfrentar o debate ou adiará para os meses de recesso.