Há dias, um perfil criado na rede social Twitter vem colocando mais lenha na fogueira na discussão sobre os diálogos obtidos pelo site Intercept Brasil e que envolvem o atual ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, Sergio Moro, e uma suposta interferência no trabalho dos procuradores da Operação Lava-Jato.
Batizado de "Pavão Misterioso", o usuário divulga mensagens e fotos de telas de smartphones que conteriam erros cometidos pelos editores do Intercept e também acusações supostamente atribuídas a personagens políticos, como o ex-deputado federal Jean Wyllys (PSOL) — em alusão ao fato de Jean ter desistido do mandato na Câmara e a vaga, então, ter ficado com David Miranda, parlamentar que é casado com o jornalista Glenn Greenwald, um dos três fundadores do The Intercept . O vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, foi um dos que divulgou "revelações" do perfil "Pavão Misterioso".
A conta divulgada pelo filho do presidente aparece como tendo sido suspensa pela rede social Twitter. No entanto, há outras páginas como o mesmo nome de usuário e com publicações semelhantes, contrárias ao Intercept Brasil. Um desses perfis possui mais de 46 mil seguidores. O teor das mensagens gerou reação de deputados do PSOL, que acusaram a página de disseminar "fake news". A coluna apurou que o partido agora discute quais medidas jurídicas e políticas poderão ser adotadas. O deputado Marcelo Freixo diz que irá denunciar a "fraude" à Polícia Federal.
"A rede bolsonarista apela novamente à farsa tosca do Pavão Misterioso", escreveu Freixo, em sua conta no Twitter. Ele diz que buscará a Polícia Federal com o objetivo de identificar quem é o usuário por trás do perfil que não tem nome ou identidade reveladas pelo criador. A PF, aliás, é subordinada ao ministro Sergio Moro, que é um dos personagens centrais da reportagem do Intercept .
Já o perfil do deputado David Miranda (PSOL) repostou mensagem com a seguinte mensagem, sugerindo que o usuário se fez passar por Leandro Demori, editor do Intercept Brasil: "O sujeito compra um chip,cadastra n° no Telegram com o nome "Leandro Demori" e tira um print do SEU PRÓPRIO perfil no app", diz o texto publicado.
A coluna entrou em contato com o portal Intercept, que decidiu não se manifestar.