Em campos opostos historicamente, PT e PSDB poderão estar juntos, em Porto Alegre, em um projeto polêmico que está prestes a ser votado na Câmara de Vereadores. Trata-se da discussão sobre a cobrança do IPTU na cidade.
O prefeito Nelson Marchezan (PSDB) enviou ao Legislativo uma extensa proposta de revisão do imposto e vem defendo a medida como "fator determinante" para que as contas do município sejam equilibradas.
Em conversa exclusiva com a coluna, o presidente do PT na Capital, Rodrigo Dilelio, reconheceu que o texto pode ser melhorado, mas disse que a atualização da planta de valores é positiva, independente do partido que a proponha. Ele também sustenta que a medida propõe "justiça tributária"e lembra que o lema "quem tem mais, paga mais, quem tem menos paga menos" é um legado do ex-prefeito Olívio Dutra.
Dilelio também afirmou que todos os ex-prefeitos filiados ao partido sabem da importância da medida.
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Confira a entrevista:
Por que apoiar o projeto do IPTU do prefeito Nelson Marchezan?
Minha opinião é de que o projeto pode ser melhorado, no sentido da progressividade. Se trata da atualização da planta de valores, o que a rigor é positivo, independente do governo deste ou daquele partido. É uma questão de justiça tributária.
A posição é do presidente do PT ou da legenda como um todo?
O PT Porto Alegre tem posição sobre o tema desde setembro de 2017. Isso vincula nossa colaboração a partir de melhorias no projeto, possíveis através de emendas apresentadas pela nossa bancada.
Que outros nomes do partido entenderam que essa era uma discussão importante e necessária para a cidade?
Todos os ex-prefeitos sabem da importância de realizar a justiça tributária. O lema "quem tem mais paga mais, quem tem menos paga menos", é um legado do Olívio Dutra.
Houve conversas com o prefeito Marchezan sobre o tema?
Houve conversa com a bancada e lideranças do PT.
A bancada do PT votará de que forma na Câmara de Vereadores?
Votará a partir do debate que fizemos e continuamos atualizando. Havendo negociação para melhorias no projeto e garantias de que os recursos serão alocados em melhorias de serviços urbanos, é possível haver entendimento.
Causa desconforto apoiar um projeto defendido por um governo do PSDB? Por quê?
O prefeito diz que o projeto é inspirado na politica para o IPTU do Fernando Haddad (ex- prefeito de São Paulo), e na verdade tem algumas semelhanças. Quando o prefeito não está orientado pelo MBL, facilita as coisas. Minha inclinação pelo entendimento nesse projeto é para que a cidade tenha condições de garantir ruas sem buracos e parques limpos em 2020.
Quanto às críticas que o projeto vem recebendo, como em relação a aumentos consideráveis para determinada parte da população, como você avalia? Há pontos a serem melhorados?
Ampliar as alíquotas para as zonas mais privilegiadas em termos de acesso a serviços públicos e infra estrutura é um caminho; outra possibilidade é ampliar a tributação sobre os vazios urbanos, vetor para a especulação imobiliária. As críticas mais nervosas são dos super ricos, que não estão preocupados com o fato da cidade estar em condições precárias, em termos de zeladoria. Algumas pessoas criticam de boa fé, mas quando explicamos que a atual planta de valores causa distorções, fazendo com que moradores de algumas periferias paguem mais que as zonas de IDH (índice de desenvolvimento humano) suíço, elas mudam de ideia.