Com data de inauguração marcada para 6 de abril, o Cristo Protetor de Encantado está agora na fase final das obras. Uma das pessoas à frente do projeto é Danielle Lima, 25 anos, arquiteta que trabalha para tornar o novo ponto turístico mais acessível.
Ela é quem cuida da instalação do piso tátil no local, ao lado da colega Juliane Damasceno, responsável pela parte visual, como a sinalização das placas para os visitantes, incluindo as placas em braile.
Danielle é cadeirante por conta de uma deficiência congênita, a atrofia muscular espinhal tipo 2. Ela nunca caminhou e conta que, desde pequena, enfrenta desafios relacionados à acessibilidade. Foi essa dificuldade que a motivou a cursar Arquitetura e Urbanismo.
— Isso fez com que eu tenha meu propósito de vida de tornar os espaços mais acessíveis para todas as pessoas. Não só para cadeirantes como eu, mas para pessoas com qualquer tipo de deficiência — afirmou.
Apesar da importância de seu trabalho, a arquiteta destaca que a acessibilidade ainda não é prioridade em muitos projetos. Segundo ela, há poucos profissionais especializados na área, e a falta de interesse em adaptações é um grande obstáculo.
— No Rio Grande do Sul, que eu conheço e tenho contato, somos eu e mais duas pessoas que trabalhamos com isso — afirma.
A arquiteta também ressalta que os problemas de acessibilidade afetam tanto espaços públicos quanto privados.
— É uma realidade bem triste. A gente vê lojas que não têm rampa de acesso, que é só acesso por escada. Quantos pisos táteis em Porto Alegre a gente não tem, né? Se começar a cuidar, assim, diariamente, tu vais atravessar em uma faixa de pedestre que, de um lado, tem rampa e do outro, tem um cordão de calçada — lamenta a profissional.
Mesmo assim, Danielle segue firme no propósito de tornar as cidades mais acessíveis. Sua trajetória é marcada por conquistas: ela concluiu a graduação com láurea — honraria concedida a estudantes de destaque acadêmico — e, antes mesmo de se formar, já ministrava cursos sobre acessibilidade para colegas. Atualmente, está na metade do mestrado e sonha em seguir na carreira acadêmica, fazendo a diferença.
— Eu acredito que o Brasil tem uma falta latente de uma disciplina sobre acessibilidade arquitetônica. É um grande problema a falta de conhecimento técnico dos próprios arquitetos e engenheiros para projetar acessibilidade.
* Produção: Isadora Terra