A guerra - qualquer uma - é sinal de que fracassamos como humanidade. Não há vencedores em conflitos marcados por perda de vidas, e as perdas ocorrem dos dois lados. Também não há - ou não deveria haver - qualquer tipo de justificativa para endossar mortes e relativizar atos de terrorismo, seja onde for, de que lado for.
Não sou especialista em geopolítica internacional, mas não posso me calar diante do que andei lendo e vendo sobre o confronto instaurado no Oriente Médio desde o último sábado (7). Integrantes do Hamas dispararam 2,5 mil foguetes contra o Estado de Israel e lideraram ataques maciços por ar, terra e mar, dando início a um confronto sangrento, que segue uma escalada vertiginosa de violência. A contraofensiva é ainda pior, e não há sinais de paz no horizonte.
Vi gente esclarecida justificando a barbárie imposta pela milícia assassina (pois é disso que se trata o Hamas) e até celebrando o terror contra os judeus como "ato de legítima defesa". Seria um revide "natural" dos palestinos a Israel, por décadas de ocupação colonialista, igualmente marcada por atrocidades, repressão e afrontas aos direitos humanos na região.
O Hamas não existia antes da ocupação israelense e é evidente que o avanço sobre áreas palestinas (inclusive com assentamentos condenados pela ONU) contribuiu para a fermentação do extremismo - a ponto de, em meados dos anos 2000, o braço político do grupo radical conquistar o poder pelo voto. Só que o Hamas não é o povo palestino. Há uma diferença aí. O Hamas não deseja negociar, deseja extirpar os judeus da face da terra, um povo marcado por 2 mil anos de perseguição no Ocidente.
É terrorismo puro e, me desculpe se você não pensa assim, mas nada justifica o banho de sangue.
Aqui fala alguém que não nutre simpatia alguma pelo governo de extrema-direita nacionalista liderado por Benjamin Netanyahu, que não integra a comunidade judaica e que não nega os erros de Israel. Mas que também não aceita o discurso de uma esquerda que se diz humanista, mas endossa ações terroristas.
Desde sábado, choram mães e pais judeus. E choram, também, famílias palestinas, muitas delas oprimidas pelo Hamas na Faixa de Gaza. Muita gente inocente morreu e segue morrendo, a maioria civis, e essas pessoas vão sofrer ainda mais com a escalada da violência. Não é possível celebrar algo assim. Não é possível relativizar a guerra. A guerra, como declarou o Papa Francisco, é uma derrota. E sempre será.