Diante do vexame que Porto Alegre passou, não havia outra saída possível. Depois de instituir o infame “Dia do Patriota” no fatídico 8 de janeiro, a Câmara de Vereadores fez bem ao recuar e revogar a lei.
A medida - que foi aprovada no início da noite desta segunda-feira (28), a partir de um acordo em torno do projeto protocolado pela vereadora Karen Santos (PSOL) - não vai apagar a mancha incômoda na história da Capital, mas, ao menos, é uma forma de reconhecer o erro grotesco.
É sempre bom repetir: a tentativa de golpe que se abateu sobre o país naquele domingo ensolarado de janeiro nada teve de patriótica.
Aquilo foi autoritarismo em estado puro, fermentado em orgulho cego e surdo, catalisado por fake news e políticos inconsequentes. Foi, também, um triste e criminoso ato de vandalismo, que depredou o patrimônio público - meu, seu e de todos os que pagam impostos - como se fosse um prêmio ou uma distinção digna de honra.
O tal “Dia do Patriota” - proposto pelo ex-vereador Alexandre Bobadra (PL), cassado há duas semanas pela Justiça Eleitoral - deveria se chamar “Dia da Vergonha”.
entrevista ao repórter Paulo Egídio, em GZH, Bobadra disse - depois de toda a repercussão negativa - que não foi dele a escolha do 8 de janeiro e que, se pudesse, “mudaria a data”. A efeméride, convenhamos, nem sequer deveria existir. Data para celebrar o quê?
Patriotismo não precisa de calendário. E não tem nada a ver com vândalos antidemocráticos.
Ser patriota é respeitar o país e a diversidade étnica e cultural que faz de nós brasileiros, é ser cidadão e cidadã, ter espírito de comunidade e capacidade de acolher o outro oferecendo o que há de melhor neste solo. Para isso, não é preciso uma data. Basta ser.