Na reta final de uma campanha em que todos têm tantas certezas sobre tudo, qual é o peso de uma retratação pública, feita por alguém que atrai multidões? Talvez você nunca tenha ouvido falar de Felipe Neto, mas ele é um fenômeno da internet, com mais de 44,5 milhões de seguidores e 15,7 bilhões de visualizações no YouTube.
Felipe ganhou fama ao produzir vídeos com tiradas irônicas sobre celebridades, filmes, notícias e o que mais você puder imaginar. No início, virou febre entre crianças e adolescentes. Tornou-se o primeiro youtuber brasileiro a conquistar um milhão de inscritos. Depois, ampliou seu público e seus temas. Passou a falar de política.
Teceu críticas duríssimas ao PT e, entre 2014 e 2018, direcionou a artilharia a Lula e ao governo da ex-presidente Dilma Rousseff, a quem atacou pessoalmente. Foi alvo da fúria petista por anos. Mas o mundo dá voltas, e na política não é diferente.
Nesta semana, além de posar para fotos ao lado do candidato do PT à Presidência, a quem declarou voto, Felipe procurou Dilma para conversar. Diante dela, pediu perdão “por ter propagado o antipetismo, o discurso golpista e o ódio à esquerda” (veja abaixo). Foi perdoado.
O que aconteceu depois, bem, você já sabe: o influenciador, que já havia feito as pazes com os antigos desafetos (por condenar a atual gestão), atraiu de vez a ira bolsonarista. Seus vídeos chamando Lula de “bandido” voltaram com tudo. Ele não negou o passado nem as contradições: disse que pensava assim mesmo, mas que estava errado. Ganhou fãs e também haters (os “odiadores” das redes), como quase todos os que têm a coragem de se expor hoje em dia.
A questão é: qual será o efeito desse movimento nas urnas? Talvez nulo, porque se restringe a uma "bolha" (ainda que gigante) ou pelo simples fato de que as convicções, ao que parece, já estão formadas - seria algo como "pregar para convertidos". Talvez nem tanto. Saberemos no próximo domingo.