Quem acompanha o noticiário desde meados da década de 1990, deve se lembrar: dia sim, dia não, o antigo Presídio Central estampava as manchetes dos jornais da pior forma possível. Insalubre e superlotado, o estabelecimento - hoje chamado de Cadeia Pública de Porto Alegre - chegou a ser classificado como o pior do Brasil e a motivar denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Uma vergonha.
Por anos, governos tentaram, sem êxito, superar a barreira da falta de recursos e de consenso para solucionar o problema. Agora, uma nova tentativa de reabilitação está em curso.
Nesta segunda-feira (4), teve início o trabalho de instalação do portão por onde passarão máquinas, operários e materiais para as obras de reestruturação do cárcere, que incluirão a demolição e a reconstrução de pavilhões ao longo de 12 meses. Com investimento de R$ 116 milhões dos cofres estaduais, a promessa é qualificar as 1,8 mil vagas disponíveis e, a partir de outras obras em andamento (em Charqueadas e Guaíba), acabar com o histórico de superlotação. O governo planeja ainda devolver o controle da casa - nas mãos da Brigada Militar desde uma rebelião em 1995 - à Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
— É uma virada de chave. Vamos sair de uma situação degradante para outra bem diferente, de humanização do sistema prisional — projeta o secretário de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo, Mauro Hauschild.
O Central já foi - acredite - uma prisão-modelo, das mais modernas do país, quando o então governador Leonel Brizola inaugurou o local, em 1959. A torcida é para que volte a ser assim.