
Após a reação do meio artístico gaúcho diante da negociação da Secretaria de Estado da Cultura para acomodar o PDT, o governador Eduardo Leite disse, na noite desta quarta-feira (16), no Palácio Piratini, que ainda não há nada definido. Apesar disso, deixou claro que busca “agregar não apenas respaldo político, mas também um olhar sobre as Missões” na reta final de sua gestão.
Em 2026, as Missões Jesuíticas completam 400 anos. A efeméride é uma das justificativas para a possível troca, que alçaria o nome do deputado estadual Eduardo Loureiro (PDT), ex-prefeito de Santo Ângelo, ao cargo. A mudança também amarraria o apoio do partido à candidatura do vice-governador Gabriel Souza à sucessão de Leite no Estado (inviabilizando, por tabela, o nome da pedetista Juliana Brizola na disputa).
A negociação política que se desenrola nos bastidores vem causando alvoroço. No início da semana, um manifesto assinado por 800 nomes da área cultural foi entregue a Leite, defendendo a permanência da atual secretária, Beatriz Araujo, na função. Bia é uma rara unanimidade no setor. Há nomes de direita e de esquerda no abaixo-assinado.
Na entrevista que concedeu esta noite no Palácio, após o lançamento do Festival Fronteiras, que ocorrerá em maio na Capital, ele não mencionou o PDT nem citou nomes. Apenas repetiu várias vezes que respeita Beatriz, que é grato a ela e que a Cultura seguirá sendo prioridade, independentemente de quem estiver no comando.
— Temos um ano e oito meses pela frente. Novas pautas precisam ser tratadas — disse Leite.
A seguir, leia os principais trechos da entrevista:
Qual será o destino da Cultura na reforma do secretariado?
A secretária Beatriz Araujo me acompanha há seis anos e tenho muito respeito pelo trabalho dela. Mas naturalmente a posição do secretariado é olhada não apenas sob o ponto de vista do aspecto político como também do momento e das circunstâncias que as pastas exigem. Quero reforçar: a Bia Araujo tem meu respeito e minha admiração, minha gratidão por tudo o que ela me ajudou a fazer na cultura do Estado. Não há definições, e nós estamos trabalhando para poder agregar no nosso time não apenas respaldo político mas também um olhar sobre as Missões que possa recair nessa reta final de jornada nossa. Temos um ano e oito meses pela frente. Novas pautas precisam ser tratadas.
Então ela sai?
Não estou dizendo isso. Sou muito grato, tenho muito respeito. A alteração no secretariado leva em consideração muitas coisas.
Te surpreendeu a reação da classe cultural à possível mudança?
Posso assegurar à classe cultural que, seja qual for o caminho que fizermos, a cultura vai merecer sempre meu apreço e meu respeito e os investimentos. Não vamos esquecer nunca da cultura, seja qual for o secretário.