Há pouco mais de um mês, a obra da nova ponte do Guaíba ganhava as manchetes por ter um trecho construído 44cm mais baixo do que o estabelecido em edital. A constatação foi feita pela Ecoplan Engenharia, empresa supervisora da obra.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas se apressaram em dizer que não havia erro no trecho do Canal Furado Grande, entre a Ilha do Pavão e a Ilha Grande dos Marinheiros. Porém, internamente, a autarquia tomou uma outra postura. Mandou suspender a obra até que ficasse claro se houve, de fato, alguma falha.
O consórcio de empresas Ponte do Guaíba apresentou seus argumentos e pediu a retomada da obra no local, que foi paralisada em 2 de abril. A unidade da autarquia chegou a autorizar o recomeço da construção na região. Porém, os moradores das ilhas não veem movimentação de operários há três meses no local.
Questionado, o Dnit apenas silencia. Perguntada quase que diariamente desde 25 de junho, a assessoria da autarquia desconsidera as mensagens da coluna. A construtora Queiroz Galvão, a principal empresa do consórcio, também preferiu a discrição.
O silêncio está presente também no Ministério Público Federal. Em 3 de junho, procurador da República Enrico Rodrigues, do Núcleo do Controle da Administração, instaurou um procedimento preparatório, chamado de Notícia de Fato. As investigações deveriam durar 30 dias para que se apurasse se os fatos abordados trouxeram alguma irregularidade. O período chegou ao fim e até agora não se sabe o que já foi feito, se as investigações foram prorrogadas ou se alguma decisão foi tomada.