
O presidente Lula enviou para o Congresso Nacional, enfim, o projeto com a promessa que fez durante a campanha eleitoral e que até agora não tinha cumprido: o fim do imposto de renda para que ganha até R$ 5 mil por mês. O presidente fez que ia, não foi e acabou “fondo”, sem que se saiba até hoje se queria ou não queria ir. A única coisa clara é que Lula e os seus 40 ministros não têm, na verdade, nenhuma convicção sobre o assunto.
Não se trata de determinar se R$ 5 mil por mês são renda ou apenas, e ainda assim, mal e mal, um mínimo para a sobrevivência de um ser humano
Ninguém leva mais de dois anos para decidir o que deve ser feito numa questão de princípio. Ou o sujeito é a favor ou é contra — se fica nesse vai não vai, é porque não sabe o que quer a respeito. Lula fez uma promessa que não tinha nenhuma intenção de entregar, foi tentando enganar o público e, agora, por oportunismo, tira a proposta do bolso para ver se ganha voto. Foi pura demagogia de campanha na eleição de 2022. É pura demagogia outra vez, para a eleição de 2026.
Não se trata de determinar se R$ 5 mil por mês são renda ou apenas, e ainda assim, mal e mal, um mínimo para a sobrevivência de um ser humano. É óbvio que isso não é renda, e não sendo renda não deveria pagar imposto nenhum. Mas o governo Lula não está interessado em justiça, e nem mesmo em lógica fiscal. A única coisa que interessa à Receita Federal é taxar — quando o ministro da Fazenda tem o apelido de “Taxad”, dá para ver onde Lula foi amarrar o nosso burro. É que hoje o governo precisa das duas coisas ao mesmo tempo: dinheiro para pagar as viagens de Janja, os artistas amigos e os “penduricalhos” dos senhores juízes; e voto para uma eleição que fica cada vez mais duvidosa.
A única solução coerente para isso jamais esteve em dúvida. Desgraçadamente, porém, essa solução é tudo o que deixa mais horrorizados Lula, os seus economistas e os intelectuais orgânicos: reduzir o frenesi desesperado das despesas do governo e transferir o dinheiro para o bolso do pobre que está sendo esfolado pelo fisco. É simples como uma conta de padaria. O cidadão deixa de pagar o imposto que o Estado extorque dele e fica com mais renda para sobreviver. O Estado recupera o dinheiro que deixou de receber em imposto cortando gastos inúteis.
É aí que está o nó de marinheiro desta história — com o detalhe que os marinheiros a bordo não sabem a diferença entre popa e proa. Lula e o cardume que se agita em volta dele podem aceitar tudo, menos uma coisa: gastar menos. Tem de dar a isenção até R$ 5 mil para ver se sai algum voto daí? Tudo bem. Vamos atrás desse tanto que deixamos de receber da escumalha, então, socando mais imposto nos “ricos” — uma boa desculpa, aliás, para meter a mão no bolso dos outros e dizer no jornal da Globo que estamos fazendo “justiça social”.