
Os ministros do STF, do STJ e das demais capitanias que governam o aparelho judiciário não gostam de ouvir isso, mas o fato brutal é que a Justiça brasileira suprimiu o crime de corrupção do Código Penal. Não foi aprovada ainda nenhuma lei botando isso em letra de fôrma, mas é o que acontece no Brasil que “voltou”. Trata-se de uma jurisprudência cada vez mais “robusta”, como é moda dizer, formada pelas sentenças assinadas pelos gatos gordos do sistema.
É claro que o sujeito tem de ser um corrupto rico para se beneficiar de proteção legal quando mete a mão no erário. Mas como não existe corrupto pobre, pode-se dizer com segurança que as absolvições automáticas dadas pela Justiça brasileira nas ações penais pela prática de corrupção servem para todos os ladrões do Tesouro Nacional.
Não há ninguém preso por corrupção? Então não há corruptos, pois se houvesse a nossa Justiça com certeza acabaria pegando algum larápio, pelo menos um
Você é um “amigo dos amigos” e prova que roubou, com confissões espontâneas feitas na presença dos seus advogados? Então você já está absolvido, antes mesmo de ir a julgamento. Nem o ex-governador Sérgio Cabral, que foi condenado a 400 anos de cadeia por ladroagem confessa, foi preso: está tão livre como você — mas com uma fortuna que você, que pagou imposto enquanto ele roubava, jamais terá no seu bolso.
O STF, STJ etc. estão pedindo que a população acredite que o Brasil é o país que tem os políticos e magnatas mais honestos do mundo. Não há ninguém preso por corrupção? Então não há corruptos, pois se houvesse a nossa Justiça com certeza acabaria pegando algum larápio, pelo menos um. A teologia política em vigor no Brasil estabelece que a prevaricação aberta do STF e de seus inferiores no cumprimento da lei penal, com a recusa sistêmica em punir a corrupção, é uma necessidade vital da sociedade.
O STF e a “justiça”, reza esse credo, salvaram “a democracia”. Continuam a salvar todos os dias, com a repressão a “golpistas”, “extremo-direitistas”, bolsonaristas. Por conta disso, o “Judiciário” passou a ter, segundo a doutrina oficial, imunidade diante de qualquer crítica. Não importa se o STF tem razão ou está grotescamente errado: criticar qualquer ministro é considerado um “ataque” ao sistema de Justiça, para enfraquecer a luta contra “o fascismo” e por aí afora.
Mas será que é preciso engolir — e engolir achando que está ótimo — cada uma das aberrações que saem da mistura de “tribunais superiores” de Brasília? A resposta para o regime vigente é: sim, precisa aceitar tudo, porque nenhuma delinquência que os supremos possam fazer está sujeita a qualquer apreciação externa, pois são a guarda da “democracia” e isso tem de estar obviamente acima de detalhes como a corrupção, a abolição dos direitos individuais e o cumprimento do que está escrito na lei.