Teve o final mais adequado para o governo Lula o episódio de delinquência pública do ministro Márcio Macêdo, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Esse Macêdo, que quer ser candidato do PT à prefeitura de Aracaju, foi descoberto usando dinheiro público para levar três funcionários do seu gabinete a uma festa de “pré-Carnaval” na capital de Sergipe. A ordem para pagar a viagem foi dada pelo próprio Macêdo.
Quando o caso veio ao conhecimento geral, ele disse que houve “um erro”. Anunciou-se também a “devolução do dinheiro”. Ninguém, a começar pelo ministro, recebeu punição. Em compensação, a secretária Maria Fernanda Coelho, que se recusou a assinar a autorização da despesa, foi demitida. Para o seu lugar, Macêdo nomeou uma ex-“coordenadora” do MST, que passou o primeiro ano de governo Lula cuidando de algo chamado “Secretaria Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas”. É, agora, a número 2 do ministro. A nomeada, Kelli Mafort, é formada em Pedagogia, doutorou-se em Ciências Sociais em Araraquara e nunca fez um dia de trabalho na roça. Tem 10 citações na Justiça Criminal de São Paulo por furto qualificado, esbulho e ameaça. Em suma: tem todas as condições para ser admitida na turma dos gatos gordos da alta administração federal lulista.
O resumo da ópera: estava ruim, houve um flagrante de mau uso de dinheiro público, e agora está pior do que antes. Não poderia ser diferente. Márcio Macedo, em pessoa, tem mais de 50 citações na Justiça; é um desses casos de peixes graúdos que vieram para o governo Lula pelo peso de sua folha corrida. Só no ano passado, conseguiu ir 59 vezes a Sergipe – mais de uma vez por semana. O que poderia haver de tão importante em
Sergipe que exigisse 59 viagens do secretário-geral do presidente da República? Para o país, absolutamente nada. Para ele, há a sua candidatura a prefeito de Aracaju. Eis aí para onde vai o dinheiro dos impostos que Haddad tanto quer aumentar – cada ministrinho que está aí trata o Tesouro Nacional como se fosse a sua conta bancária particular, e desse jeito, obviamente, as contas do governo não fecham.
Na questão das viagens, Macêdo está seguindo o procedimento-padrão do governo Lula. O ministro das Comunicações foi flagrado usando um avião da Força Aérea para ir a um leilão de cavalos de raça. Não lhe aconteceu nada. A ministra da “Igualdade Racial” também tomou um jato da FAB para assistir a um jogo do Flamengo no Morumbi. Quando observaram que não era certo fazer isso, ela disse que estava sendo “atacada” por ser “mulher” e “negra”. Está valendo tudo, realmente.