Um dos principais instrumentos para viabilizar pedidos e entrega de ajuda durante o auge da crise da inundação no Rio Grande do Sul foi uma ferramenta desenvolvida em nada mais do que 19 horas.
Um baita exemplo de conexão digital que ajudou a salvar muita gente na enchente de maio.
É o SOS-RS, um site colaborativo que reúne as necessidades de 859 abrigos espalhados pelo Estado. Ali, quem precisa de doações pode incluir e excluir os produtos de que precisa a qualquer tempo. E, do outro lado, quem está disposto a ajudar pode saber exatamente o quê e onde levar, consultando a lista por filtros de endereço, cidade, categoria de produtos ou itens específicos.
O site foi idealizado pela equipe da DOC9, uma empresa gaúcha de tecnologia voltada à área jurídica que desenvolve gerenciadores de certificados digitais. Quando a água tomou conta de boa parte de Porto Alegre, o CEO da empresa, Klaus Riffel, deixou seu apartamento no bairro Três Figueiras e foi ajudar nos resgates. Outros colaboradores, como Gabriel Mancuso, se voluntariaram em abrigos. Enquanto isso, o head de Tecnologia da DOC9, Rhuam Sena Estevam, que trabalha remoto, assistia a tudo desde Vitória, no Espírito Santo, pensando como poderia ajudar o povo da cidade onde ele viveu por dois anos, antes da pandemia.
Até que recebeu uma ligação de Klaus no domingo de manhã descrevendo o caos em que a cidade havia se tornado, e particularmente, como estava confusa a troca de informações entre quem precisava de ajuda e quem queria ajudar.
— Tinha umas planilhas que circulavam em grupos de WhatsApp, mas quando tu tentavas entrar, a planilha caía, porque era muita gente. Além disso, estavam sempre desatualizadas. Pensei: precisamos fazer um aplicativo pra organizar essa bagunça - lembra Klaus.
— Falei com um ex-colega nosso que mora em Minas Gerais, o José Duarte, e marcamos de começar a trabalhar às 14h do domingo. Às 9h de segunda, o site estava no ar – conta Rhuam, acrescentando que tiveram a colaboração de mais dois conhecidos da área de tecnologia.
Na manhã de segunda, Klaus começou a distribuir o link de todas as formas que pôde. Era preciso abastecer com as necessidades dos abrigos, e fazer as pessoas consultarem. Logo chegaram a 1 milhão de acessos em um dia.
E o que é mais impressionante: com tantos milhares de pessoas acessando simultaneamente uma plataforma era aberta e colaborativa, segurança e estabilidade nunca foram um problema.
O próximo passo da turma do SOS é conectar os centros de distribuição à plataforma. E, logo mais, colocar de pé um aplicativo que ajude as cidades, especialmente as pequenas, a acessar recursos para a reconstrução.