Nas últimas semanas, muito se falou sobre possível endosso de policiais, sobretudo os militares, aos atos hostis ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso convocados para o Sete de Setembro. Políticos de oposição temiam até rebeliões em série de PMs, estimulados pelos seguidos afagos que lhes são feitos por Jair Bolsonaro – que chama as Forças Armadas de “meu Exército” e não recusa convite para formatura policial.
Só que não houve amotinamento, nem mesmo confusão envolvendo policiais, a que se tenha notícia. Em Brasília, após uma véspera de feriado em que PMs cederam à invasão da Esplanada dos Ministérios, os manifestantes foram retirados. E os mais rebeldes acabaram reprimidos pelos policiais.
Sequer aconteceu de PMs comparecerem em bloco, uniformizados, nas manifestações, um procedimento que é vetado pelo regulamento disciplinar dos militares, mas que era temido por muitos governadores.
Bolsonaro chegou a reclamar que governadores teriam ameaçado prender PMs que prestigiassem o Sete de Setembro. Na realidade, o recado dos governos estaduais era outro, contra agitações.
Pelo sim e pelo não, na véspera do Dia da Independência o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Vanius Santarosa, distribuiu mensagem expressa aos comandantes de unidades, advertindo contra o uso da imagem da BM nas manifestações.
Santarosa lembrou que é proibido o uso de uniforme em atos políticos, mas estendeu a determinação também para as redes sociais. E reforçou: quem desobedecer está sujeito a sanções disciplinares, cíveis e até criminais, a depender da infração.
O recado se deve, também, à postura de alguns coronéis e tenente-coronéis que reiteradas vezes postam nas redes sociais chamamentos a ações políticas e críticas aos poderes da República, como mostrou reportagem de GZH. Eles são investigados pela Corregedoria-Geral da BM.
Lógico que muitos policiais endossaram os atos públicos do Dia da Independência e óbvio que isso é normal. Mas a agitação ostensiva e grupal, os amotinamentos, não ocorreram. Muito bem. Nunca se sabe o que radicalismo vindo de cidadãos armados poderia provocar.