A Polícia Federal deflagrou neste feriado de Navegantes, 2 de fevereiro, a operação Quinta Coluna. Para os jovens: essa é uma expressão usada para quem comete traição. Nome apropriado para os alvos dessa ação da PF: militares da Força Aérea Brasileira (FAB) envolvidos em tráfico internacional de drogas.
A investigação começou dois anos atrás, quando o sargento da FAB Manoel Silva Rodrigues foi preso na Espanha com 39 quilos de cocaína. A droga era transportada por ele dentro de um avião de apoio na comitiva do presidente Jair Bolsonaro, que visitava aquele país. O suboficial já era investigado havia meses. Ele foi condenado, em fevereiro de 2020, a seis anos de prisão, a serem cumpridos em penitenciária espanhola (o crime foi flagrado lá). E a brincadeira vai custar caro: terá de pagar ainda, sabe-se lá como, 2 milhões de euros de multa (cerca de R$ 9,5 milhões).
Nas asas da FAB, o sargento realizou pelo menos 29 viagens no Brasil e no Exterior, sempre carregando integrantes do governo federal (gestões Dilma, Temer e Bolsonaro, para ser preciso). Ele aproveitava a boa imagem militar para trabalhar como “mula do tráfico”, como definiu o vice-presidente brasileiro, o general Mourão.
A ação da PF na manhã desta terça-feira tem como alvo as ligações do sargento. Incluindo gente que lava dinheiro.
Não é um caso inédito. Em abril de 2019, um comandante da FAB foi expulso da corporação pelo Tribunal Superior Militar devido ao transporte de 33 quilos de cocaína em um avião militar com destino à França e com escala nas Ilhas Canárias. O transporte da droga ocorreu em 1999. Ele foi condenado a 16 anos de prisão, junto com dois colegas.
É ainda pior quando o tráfico é feito por aqueles que deveriam zelar pela honra da pátria e decidem mergulhar na tentação do submundo. Menos mal que tanto as Forças Armadas quanto a PF estão de olho nesses oportunistas.