A ousadia das facções criminosas parece não ter limites. Não satisfeito em controlar desde a cadeia dois residenciais populares em Canoas, um grupo de criminosos decidiu manter como refém a sogra de um PM. O objetivo era atrair o policial para uma emboscada, como mostram gravações obtidas pela Polícia Civil e reveladas por GZH.
Em ação conjunta exemplar, a BM e a Polícia Civil mostraram nesta terça-feira (3) que esse tipo de situação não será tolerada. A facção ultrapassou um limite e isso precisa ser deixado claro.
Mas preocupa o destino dos moradores. Há muito os condomínios populares no estilo Minha Casa Minha Vida são alvo da cobiça dos quadrilheiros, como a reportagem de GZH mostrou algumas vezes. O primeiro objetivo é poder traficar drogas livremente. O segundo — e que talvez tenha se tornado agora o principal — é ocupar apartamentos e revendê-los. Em alguns casos, os moradores são expulsos. Em outros, convencidos a sair numa boa.
Isso já foi constatado em investigações policiais na Restinga (Zona Sul de Porto Alegre) e, agora, em Canoas. Facilita a ação das facções o fato de muitos moradores desses locais, embora trabalhadores, estarem dispostos a vender seus imóveis por qualquer merreca. Mesmo tendo praticamente ganho o apartamento do governo e sendo proibidos de comercializá-los, porque foram subsidiados com dinheiro público. Nada disso parece importar a alguns mutuários sem escrúpulos.
A saída, imperiosa, é fiscalização constante por parte dos bancos que fomentam os programas habitacionais, hoje muito deficiente. E, para os criminosos insistentes, cadeia.