A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.

Uma das maiores feiras voltadas ao agronegócio no país, a 30ª Agrishow chega ao seu último dia, sexta-feira (2), concretizando a expectativa inicial dos organizadores: de resultados positivos. Apesar da dificuldade de acesso a crédito rural pelas fontes tradicionais, a perspectiva de safra recorde de grãos e de taxas de juros maiores no próximo Plano Safra têm aquecido as compras dos produtores rurais no evento. Inclusive, de gaúchos, observa Vinícius Melo, diretor comercial da Valmont:
— Os nossos primeiros pedidos aqui da feira foram para o Rio Grande do Sul, que, tradicionalmente, inclusive, não é um Estado que participa da Agrishow.
No caso da marca Valley, de equipamentos de irrigação da empresa Valmont, a perspectiva é de que as vendas cresçam, neste ano, 30% no Estado. Para Melo, a alta demanda tem a ver com uma mudança de mentalidade do produtor, que tem “conseguido ver a irrigação como um seguro agrícola”.
Considerando todo o tipo de maquinário, que é o carro-chefe do faturamento de feiras como essa, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) manteve, nesta semana, a projeção de um crescimento de 8% nas vendas para o ano — podendo, inclusive, ser revista para cima.
É esse otimismo que observa Kellen Bormann, diretora de vendas da marca de máquinas agrícolas Massey Ferguson Brasil, do estande da marca que representa:
— O agricultor tem procurado muito novas tecnologias. E eu tenho certeza que a Agrishow vai acompanhar o resto das feiras do país.
Para Marcelo Traldi, vice-presidente das marcas de máquinas agrícolas Fendt e Valtra na América Latina, a necessidade retraída de renovação ou mesmo ampliação de frota, após um ano de 20% de redução nas vendas, conforme a Abimaq, também tem feito com que o produtor vá às compras.
— O agricultor conseguiu plantar e conseguiu colher. Isso muda muito o cenário — acrescenta, referindo-se à projeção de safra recorde.
Carlos Aguiar, diretor de agronegócios do Santander, no entanto, é menos otimista. Para ele, o setor vive uma “ressaca” de investimentos em razão do endividamento no campo, em parte causada pelo descompasso entre os custos de produção e a renda dos produtores.
É o que enxerga também Antonio Carrere, vice-presidente de vendas e marketing da John Deere na América Latina. No caso da fabricante de máquinas agrícolas, a estimativa é de uma possível redução de até 5% neste ano nas vendas, após um ano igualmente com comercializações desaceleradas.
— O juro alto é muito negativo para o setor agrícola no que se refere a investimentos. Falta apoio do governo federal nesse sentido.
*A coluna viajou a Ribeirão Preto a convite de pool organizado pela CDI Comunicação