
Muito antes de crises globais disruptivas, como a trazida pela epidemia de covid, e de guerras contemporâneas, como a do Leste Europeu ou a comercial travada pelos Estados Unidos, o Papa Francisco já alertava para o fato de que a paz mundial passa, necessariamente, pela segurança alimentar do planeta. “Talvez esta seja a única possibilidade para construir um futuro de paz autêntico” observou o Pontífice em um dos trechos do discurso feito por ocasião do Dia Mundial da Alimentação em 2014. As palavras era endereçadas ao então diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) o brasileiro José Graziano da Silva.
Para chegar ao futuro autêntico a que se refere, Francisco propõe que a bússola condutora das decisões tomadas tenha novas referências que não a do “andamento dos mercados”. E sugere mudanças também “no modo de entender o trabalho, os objetivos e a atividade econômica, a produção alimentar e a proteção do meio ambiente”.
As contestações à logica de mercado, no entanto, não impediram que o Papa reconhecesse e enaltecesse quem faz a produção. Pelo contrário. “As famílias que se dedicam à agricultura são louváveis pela forma solidária do seu trabalho, bem como pela maneira respeitosa e delicada com que cultivam a terra. Nesse sentido, são fundamentais para tornar os sistemas agroalimentares mais inclusivos, resilientes e eficientes” pontuou na 8ª Conferência Global do Fórum Rural Mundial, em março do ano passado.
Também destacou o papel das mulheres, “verdadeiras promotoras do progresso das sociedades em que vivem”, e acreditava na juventude como agente de mudança. “A verdadeira revolução para um futuro alimentar começa com a formação e a capacitação das novas gerações”, manifestou o Papa naquele momento.