A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Produto que virou item de luxo na mesa do brasileiro em 2024, o azeite de oliva pode ainda ter reflexos da produção no mercado ao longo do próximo ano — pelo menos no que depender dos pomares gaúchos. Com oliveiras em desenvolvimento para colheita a partir de fevereiro, o andamento da safra até aqui aponta para números não tão animadores se comparados aos últimos recordes.
A avaliação é do presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Renato Fernandes. O dirigente demonstra preocupação em relação à irregularidade das plantações em praticamente todas as regiões produtoras do Estado:
— Estamos com uma previsão inicial e expectativa um tanto negativa devido a relatos de deriva por herbicida, pelo segundo ano seguido — lamenta Fernandes.
A colheita deve ficar próxima aos números de 2024, quando somou 220 mil litros de azeite produzidos — metade do potencial alcançado em outras safras, de 500 mil litros, segundo o Ibraoliva.
Na última safra, o excesso de umidade colaborou para o enxugamento da produção. Em 2024, no entanto, não houve chuva na mesma intensidade, o que reforça o alerta para a influência de outros fatores na produtividade desigual dos pomares.
No mercado internacional, a safra promissora das oliveiras na Europa após uma sequência de quebras tende a ajustar os preços no próximo ano. Estimativas de consultorias projetam queda mínima de 20% nos valores dos rótulos. O problema, volta a lembrar o presidente do Ibraoliva, é a qualidade deste azeite que vem de fora, muitas vezes comercializado como extravirgem, porém sem os altos graus de pureza.