A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Às vésperas das festas de fim de ano, a exportação forte e a competitividade com as carnes bovina e suína têm modificado o comportamento de preços da carne de frango. Os produtos avícolas em geral "estão firmes" em resposta à maior demanda — um movimento atípico para a época.
Quem explica é o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo, Luiz Henrique Alves de Melo. Sazonalmente, a carne de frango perde competitividade para as aves natalinas na reta final do ano. Porém, os preços altos dos cortes festivos este ano têm feito os consumidores ampliarem as suas escolhas para os cortes tradicionais.
Além disso, o frango se torna mais requisitado na mesa quando as demais proteínas estão em alta, como é o caso da valorização bovina e suína, que estão mais caras em relação ao ano passado.
— Não é a primeira vez, mas não é um movimento típico. Normalmente, as proteínas que se beneficiam no fim do ano são as bovinas e suínas. Este ano, no entanto, inverteu a sazonalidade. Naturalmente, o consumidor migra para o que for mais em conta — diz Melo.
Os preços para os frangos tendem a se manter no mesmo patamar até o fim do ano. Na segunda quinzena de dezembro, no entanto, a demanda deve retrair, reduzindo a valorização. Estendendo para janeiro, Melo antecipa que o orçamento mais restrito dos consumidores devido a férias e outros gastos pode forçar um reajuste de oferta das proteínas em geral, acomodando novamente os preços.