A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A doença não é nova e pode ser controlada, mas o ambiente que se desenha para a atual safra de verão traz condições climáticas que podem fazer os casos de ferrugem asiática ganharem escala. E para evitar que isso ocorra, o Estado preparou reforço extra: coletores feitos de PVC, instalados em 70 municípios do Rio Grande do Sul. Apesar de simples, o aparato funciona como uma armadilha, fazendo a coleta dos esporos, que ajudam a disseminar o fungo causador do problema.
No total, são 70 equipamentos — 24 já estavam em campo desde o ano passado, outros 46 foram colocados neste ano — via programa Monitora Ferrugem RS, do Estado. Chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura, Ricardo Felicetti explica o papel da estrutura no controle da doença:
— O coletor avalia o ingresso inicial da doença no Estado, a partir da flutuação desses esporos. Com essas informações, os produtores e responsáveis técnicos pelas lavouras podem tomar melhores decisões frente a medidas fitossanitárias de controle. Porque não dá para fazer uma aplicação calendarizada, sair aplicando.
Formado por um tubo de PVC, o coletor de esporos carrega dentro de si uma lâmina com fita adesiva. Depois de instalado na lavoura de soja, pela sua própria aerodinâmica, direciona-se a favor da corrente de vento. E, na lâmina com fita adesiva, coleta tudo o que vem pelo ar.
Desde o mês passado até março do ano que vem, semanalmente, equipes da Emater têm coletado amostras. O material é enviado para um dos 10 parceiros, constituídos por laboratórios de análise fitossanitária, instituições de ensino e pesquisa do Estado, onde é feita a contagem de esporos e o registro da incidência da doença no site do programa — onde o produtor pode se informar.
Além do coletor, o monitoramento da previsão do tempo também é essencial, lembra Felicetti:
— O triângulo para haver a doença é um hospedeiro suscetível, no caso, a soja, a condição climática predisponente, o tempo úmido, e o patógeno, o fungo. Que, diferentemente das últimas três safras, quando houve estiagem, é a realidade desta, o que pode aumentar a incidência da doença.
Entenda a doença
- A ferrugem asiática é a principal doença da cultura da soja e está no Brasil desde os anos 2000
- O agente causador é o fungo Phakopsora pachyrhizi
- Para sua ocorrência é necessário que exista o que chamamos de triângulo da doença: hospedeiro (a soja), patógeno (o fungo) e ambiente favorável para a disseminação da doença (molhamento foliar e temperaturas entre 15ºC e 28ºC)
- Os sintomas iniciais da ferrugem asiática geralmente se manifestam como pontos escuros, inicialmente na face inferior das folhas
- Com a evolução dos sintomas, a folha se torna amarelada, semelhante à ferrugem
- Caso não haja controle, a doença pode provocar perdas de até 90% da lavoura
Fonte: Secretaria da Agricultura do Estado