A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Depois da chuva e do ciclone extratropical que voltaram a causar danos na agropecuária do Rio Grande do Sul na semana passada, agora é o frio que entra no radar do campo. Especialmente pela chance de geada, que pode danificar as plantas nas lavouras.
A previsão é de que a atuação de uma nova massa de ar seco e frio deixe as temperaturas gélidas no Estado, com formação de geada em diversas regiões.
Meteorologista da Secretaria da Agricultura e coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), Flávio Varone frisa como "novidade" a abrangência da onda de frio, e não a sua intensidade. É a primeira condição de geada mais ampla no Estado neste inverno, atingindo um maior número de municípios. Os episódios até agora haviam sido mais isolados.
A potência do frio, no entanto, não foge ao que é esperado para a época.
Varone lembra que o frio é importante para as culturas da estação se estabelecerem. Por enquanto, a condição climática tem favorecido o desenvolvimento delas. O trigo, principal cultivo da temporada, apresenta germinação excelente, segundo o último informativo da Emater, ainda que o crescimento esteja acelerado justamente pela falta de frio expressivo até aqui. As atenções para a onda de frio, portanto, se voltam para as culturas naturalmente mais sensíveis às variações climáticas, como as hortaliças e as pastagens. E aqui entra o ponto de preocupação.
Ambas estiveram entre as produções mais afetadas pelos últimos ciclones que atuaram sobre o Rio Grande do Sul. Ou seja, agricultores que já vinham contabilizando perdas podem anotar novos prejuízos nesta semana.
— O produtor está passando por uma época de provação. Veio chuvarada, vento, e agora, depois de tudo se estabilizar, vem a geada. O prejuízo pode ser grande em função da repetição dos eventos meteorológicos — diz Varone.
A partir de quarta-feira (17) o frio já deve perder força no Estado. Outra condição, aliás, deste inverno. Este ano, as ondas de frio não devem ser tão prolongadas, durando de dois a três dias. Outra marca será a atuação de um "super El Niño", com projeção de provocar chuvas acima da média e novos prejuízos às culturas de inverno.