A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A largada do ano não tem sido de motores aquecidos para as vendas de máquinas agrícolas. Pelo menos não em números, e se comparada ao ano anterior, que foi de negócios expressivos. Mas uma troca de marcha é aguardada com expectativa no segundo semestre, embalada pelo anúncio do Plano Safra 2023/2024, que empolgou o setor. Se não for para encostar no desempenho do ano passado, será, no mínimo, para reverter as perdas dos primeiros meses de 2023.
— Ficamos muito animados com o Plano Safra superior ao divulgado no ano agrícola anterior e com a retomada do anúncio dividido, com boas novidades — afirmou o vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Alexandre Bernardes, durante coletiva de apresentação dos dados do setor na última sexta-feira (7).
No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o segmento tem queda de 7,2% em vendas na comparação com o mesmo período do ano passado. Na relação mensal, de abril para maio deste ano, o recuo foi de 3,6%. Segundo a Anfavea, a redução ao longo do ano se dá muito pela queda no preço das commodities, como milho e soja. Algo que, nos próximos meses, tem alguma expectativa de melhora.
As exportações de máquinas agrícolas também tiveram queda de 15,7% em maio ante abril, e de 2,2% de janeiro a maio sobre o mesmo período de 2022. A dificuldade com as exportações para a Argentina é o que mais tem impactado nesta conta.
Bernardes diz que a definição dos recursos, que era uma questão bastante aguardada, dá previsibilidade ao produtor e às indústrias para o prosseguimento do ano, juntamente com as condições apresentadas:
— Temos a divisão do Morderfrota em Moderfrota e Moderfrota Pronamp, com taxa de juros atrativa de 10,5% ao ano, que embora seja restrita a uma faixa de produtores, é um novo conceito que o Ministério da Agricultura traz. E dentro do programa do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), com o relançamento do Mais Alimentos, que trouxe um juro reduzido a 5% para o pequeno agricultor.
Claudio Bier, presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), também celebrou a retomada do Mais Alimentos. E destacou que o incentivo à produção voltada para máquinas menores traz potencial de desenvolvimento ao país.
— Temos o mais difícil e caro, que é ter a tecnologia. Agora, transferir isso das máquinas grandes para as pequenas é relativamente fácil e é isso que prometemos ao governo e vamos fazer. Os pequenos produtores vão ter a mesma tecnologia que o grande, com a diferença de preço cabida — disse Bier.
Ponto em comum acordo com o vice-presidente da Anfavea:
— Utilização de tecnologia hoje não é um luxo, é uma necessidade. Permeando todos os segmentos do agro, do pequeno ao grande.
As previsões de vendas do começo do ano, por enquanto, são mantidas. Conforme a Anfavea, 2022 foi um ano “espetacular” em comercializações. Se 2023 tiver pequena redução, não será algo que comprometa a indústria. No Rio Grande do Sul, a proximidade da Expointer já anima pela temporada de bons negócios.
— No segundo semestre, com o Plano Safra e a volta do Mais Alimentos, devemos vender muita máquina agrícola. Ainda temos Expointer, que é uma ferramenta de vendas interessante. Com tudo isso, vamos talvez recuperar essas quedas dos primeiros meses — estima Bier.