Apesar de ainda estarem com a cabeça nos resultados do verão, produtores do Rio Grande do Sul avaliam o terreno para o plantio de inverno. E a redução na colheita agora poderá ser um dos fatores para ampliação da área de trigo, principal cultura do frio. Os sinais de que o espaço poderá crescer vêm do mercado. A percepção é de que cresce a busca por informação e por sementes.
— Que vai aumentar a área, vai. Principalmente pelo fator preço — avalia Altair Hommerding, presidente da Câmara Setorial do Trigo da Secretaria da Agricultura, que teve encontro durante a Expodireto-Cotrijal.
Por enquanto, ninguém arrisca um percentual, mas há especulações de que o avanço possa ficar entre 10% e 15%. Na safra passada, foram 736 mil hectares, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), Paulo Pires explica que as entidades do setor querem definir novo parâmetro de referência, visto que o espaço cultivado vem caindo ao longo dos anos. E aponta outra razão para a aposta no cereal:
— A primeira possibilidade de o produtor ter renda no inverno é o trigo. O momento é histórico, altamente vantajoso para a cultura. Tem a questão do preço, a política de retenciones na Argentina.
Com base em dados mapeados, o dirigente diz que desde de 2003 não se tinha cenário tão favorável na relação entre valor do trigo (de mercado) e custos.
— O pousio não remunera. E a partir do momento em que não faz lavoura de inverno, o agricultor amplia o custo da safra de verão — acrescenta Fernando Michel Wagner, gerente comercial da Biotrigo Genética.
Ele lembra que só 12% da área de soja é usada com trigo no inverno. Diante da disposição em voltar a investir no cereal — de cada 10 agricultores na feira, três não fizeram lavoura nos últimos cinco anos — a orientação é para que sejam redobrados os cuidados: informação, escolha de cultivar e uso de semente certificada.