A jornalista Karen Viscardi é colaboradora da colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
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O terroir de Pinto Bandeira, além de contribuir para a conquista do título de primeira Denominação de Origem (DO) de espumantes do método tradicional do Novo Mundo, que pode ocorrer ainda este ano, também ajuda a garantir a qualidade das uvas em épocas de tempo adverso. É o que atesta Daniel Geisse, diretor da Cave Geisse, vinícola localizada no município serrano:
— Os solos fragmentados permitem que as plantas tenham raízes mais profundas. Assim, os parreiras sofrem menos com falta ou excesso de chuva. Por isso, estamos com safra bem produtiva em qualidade e quantidade.
A característica geográfica permitiu uma colheita dentro da normalidade, diferentemente de outros locais da mesma região da Serra, que tiveram perdas. Outro diferencial é o fato de as variedades destinadas à produção de espumantes estarem maduras em janeiro. Ou seja, as frutas já estavam desenvolvidas no período da estiagem.
— Todo ano conseguimos fazer um bom espumante pela maturação precoce, pois colhemos na segunda quinzena de janeiro. Já os tintos são colhidos no final de fevereiro, início de março, época com histórico de mais chuva e noites frias — detalha Daniel Panizzi, diretor da vinícola Don Giovanni.
Pela vocação para variedades destinadas aos borbulhantes, as vinícolas do município estão finalizando processo de certificação: a DO Altos de Pinto Bandeira. Panizzi explica que o regulamento está em fase final de elaboração e que, em dois meses, deve ser encaminhado ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para certificação, com estimativa de ser concedido ainda em 2020. Os espumantes devem ser elaborados a partir de chardonnay e pinot noir, com adição de até 20% de riesling itálico.