De cada cinco produtores gaúchos que buscaram crédito agrícola no ano-safra 2015/2016, um não voltou a fazer financiamento no ciclo 2016/2017. Analisando apenas as linhas de custeio, de cada quatro agricultores, um não retornou ao sistema oficial. Os dados são de levantamento solicitado pela coluna à assessoria econômica da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), a partir das informações do Banco Central (veja abaixo).
A pesquisa mostra número de contratos e valores liberados no Rio Grande do Sul para a agricultura empresarial nesses dois anos-safras. Há queda também no volume emprestado. Somando todas as linhas, o montante foi de R$ 18,94 bilhões em 2016/2017, 10% a menos do que no ciclo anterior. Apenas em custeio, foi R$ 1,85 bilhão a menos.
– Isso mostra o quão forte foi a seletividade no Plano Safra. Por que os produtores buscariam menos crédito se o custo aumentou e as condições oficiais são as melhores? Não faz nenhum sentido – afirma Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
Segundo Luz, "faltou dinheiro", porque caíram depósitos em poupança e à vista, que formam os recursos do crédito rural.
Se analisados por tipo de cultura, os dados mostram que as maiores diminuições do número de contratos de custeio foram entre os produtores de arroz (-36%) e de soja (-30%). Da mesma forma, houve redução dos valores emprestados: 33% e 28%, respectivamente.
– Os arrozeiros foram os mais cortados do crédito – confirma o economista.
Responsável por 60% das operações de agrícolas no Estado, o Banco do Brasil apresenta hoje balanço do último Plano Safra e valores a serem liberados no ciclo atual. Gerente de mercado agronegócios do BB, João Paulo Comerlato diz que os números "são bastante semelhantes entre um ano e outro". E pondera que os critérios para empréstimos são os mesmos.
– No primeiro semestre de 2015 não houve custeio antecipado. Isso fez com que essas operações ficassem centralizados no segundo semestre, que já era Plano Safra 2015/2016 – acrescenta Comerlato, ao avaliar que isso pode ter "carregado" um pouco mais os contratos naquele ano-safra.