
Se dependesse da Alemanha, o acordo União Europeia-Mercosul – cujo texto foi finalizado em 2024 – já estava assinado e em execução, tamanho o sangue no olho do país contra a guerra comercial encampada pelos Estados Unidos. Na abertura aqui da Hannover Messe, feira industrial da Alemanha, o chanceler Olaf Scholz, se manifestou favorável, assim como o futuro primeiro ministro da Alemanha, Friedrich Merz, já o fez publicamente e colocou no seu plano de trabalho. Em reunião com gaúchos, o CEO da organizadora da feira, a Deutsche Messe AG, Jochen Köckler, disse ter informações do parlamento europeu de que agora será destravado, após 25 anos de negociações.
A maior oposição vinha da França, pressionada por seus agricultores que não querem concorrência nossa, mas até nisso houve avanço raro. O ministro francês das Finanças, Éric Lombard, surpreendentemente disse que, diante dos tarifaços norte-americanos, é preciso "apressar" as discussões sobre o acordo comercial UE-Mercosul. Foi logo após uma reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foi um aceno à mudança de opinião da França, que, por enquanto, ainda é contrária aos termos do acordo.
Mais de 90% dos produtos serão isentos de tarifas. São 31 países envolvidos, sendo quatro do Mercosul e 27 da União Europeia, com um mercado de 700 milhões de pessoas. A Comissão Europeia prevê um aumento de 15 bilhões de euros no PIB do bloco com acesso privilegiado a Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguais. Para o Mercosul, espera-se um aumento de 11,4 bilhões de euros no PIB, com algumas restrições ao comércio agrícola.
E o RS com isso?
A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) prevê, para caso saia o acordo, aumento do fluxo de comércio (exportações e importações) e de investimentos, maior inserção do Brasil em cadeias globais de produção e aumento da diversificação econômica (ótimo isso, aliás).
A indústria gaúcha de alimentos, em especial, terá mais acesso ao consumidor europeu, maduro, exigente e de alto poder aquisitivo. Também se projeta boas oportunidades para celulose, fumo, couro, calçados e máquinas agrícolas. Por outro lado, setores como Máquinas e equipamentos, Equipamentos elétricos e Bebidas (como vinho) enfrentarão maior concorrência europeia, exigindo mais competitividade, alerta a Fiergs.
* A coluna viajou a Hannover a convite da Fiergs.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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