O jornalista Guilherme Jacques colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço.
Donald Trump retorna à Casa Branca nesta segunda-feira (20) cercado de expectativas sobre suas ações frente à presidência dos Estados Unidos pela segunda vez. Pudera, desde a campanha, promessas não faltaram. Elas, por si só, mexem com a economia global e respigam, claro, no Brasil – inclusive no Rio Grande do Sul, que tem o território americano como o segundo maior destino de exportações. Em tempo, o primeiro destino das exportações gaúchas é a China, um dos alvos preferenciais de Trump. Ou seja, o cenário requer atenção.
Apesar disso, há pouca certeza sobre a concretização de tudo que o novo presidente americano vem anunciando. Na avaliação do diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), Fabrizio Panzini, é preciso aguardar para se ter clareza de como virão as medidas, quais impactos terão e a quem causarão efeitos, sem deixar de ter em vista a consolidação das relações comerciais do Brasil.
A consolidação, aliás, é um dos motivos que o faz avaliar que mesmo a guinada de grandes empresas, como as gigantes de tecnologia, em acenos a Trump não deve mudar agendas que já estejam pacificadas, como a ambiental – foco de diversos investimentos no Rio Grande do Sul e outro fator a ser observado.
– Acredito que seja muito difícil uma regressão, porque as empresas já estão fazendo investimentos muito altos em pesquisa e desenvolvimento. As tecnologias de transição energética, que estão se desenvolvendo em todo o mundo, estão sendo adotadas pouco a pouco, em alguns casos até em uma escala mais acelerada – disse Panzini ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha.
– Além disso, me parece muito difícil você regredir numa agenda como essa sem perder espaço internacional, sem deixar de ser relevante como são os Estados Unidos. Principalmente, em um cenário em que várias empresas de lá mesmo já deram sinais muito claros de que vão continuar seguindo – complementa.
Dólar
Outro ponto sensível a ser levado em conta é o câmbio. Depois de flertar com um patamar abaixo dos R$ 6, na sexta-feira (18), o dólar fechou a R$ 6,06, influenciado especialmente pelas expectativas quanto ao novo presidente dos Estados Unidos. Ou seja, essa variável deve impactar a equação do câmbio ainda mais nos próximos dias.
– Essa perspectiva de fortalecimento da economia americana, mais ainda o tema dos juros lá (o FED, banco central de lá, já sinalizou que deve pisar no freio quanto ao corte de juros) tem atraído investidores para o país. Nisso, você acaba tirando dólares de países como Brasil – frisa Panzini.
Ainda assim, o diretor da Amcham pontua a força dos problemas domésticos do Brasil – leia-se a discussão sobre cortes de gastos e a crise de confiança quanto à economia. Segundo ele, se o país conseguir lidar com as variáveis internas pode amenizar as possíveis externas:
– É uma mescla de fatores internos e externos. Mas na parte da economia internacional não há muito como prever, porque há muita incerteza. Seja em relação às políticas que vão vir dos Estados Unidos, seja em relação aos conflitos internacionais, no Oriente Médio ou entre Rússia e Ucrânia. Então, é preciso focar esforços naquilo que podemos controlar.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Leia aqui outras notícias da coluna