Gaúcho de Canoas, Leandro Balbinot começou a trabalhar com tecnologia na HP, passou por várias companhias pelo mundo, como Ambev e Lojas Renner, foi vice-presidente do McDonald's e hoje, nos Estados Unidos, é "CTO" (diretor de tecnologia) da Whole Foods Market, rede de supermercados da gigante Amazon. Recentemente, tornou-se sócio da On2, empresa de soluções tecnológicas e desenvolvimento de softwares, com sede em Porto Alegre. Confira abaixo trechos da entrevista ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha, e assista à íntegra no final da coluna.
O que as empresas buscam quando te chamam como executivo?
Experiência de transformar, de juntar companhias para tornar a empresa mais eficiente. Mais recentemente, nos últimos sete anos, para transformação digital e ajudá-la a crescer usando tecnologia.
O que significa na prática?
Começa por usar dados para entender o cliente e melhorar processos internos. Nas fábricas, melhora a eficiência e começa a fazer venda direta ao cliente, o que não se fazia, mas foram obrigadas na pandemia. Empresas não entendiam ou não gostavam de tecnologia, mas passaram a investir para não ficarem para trás. trás. Dados mostram o que o cliente quer, onde está naquele momento, é uma personalização. Exige muito processamento de dados e muita tecnologia.
O supermercado da Whole Foods é o único no qual eu não leio a lista de ingredientes porque os que eu não compro para a família já são proibidos, como gordura vegetal, adoçantes e corantes artificiais....
Isso, são 412 ingredientes proibidos.
Quais produtos digitais criou na Whole Foods?
Estamos criando muita coisa. Como somos da Amazon, usamos muito a loja dela para vender de uma forma mais inteligente, atendendo a jornada do cliente. Ele compra os produtos saudáveis e todo o resto que precisa para a casa dele, para o carro, tudo de forma integrada. Na loja, paga com a palma da mão, momento no qual vejo o que posso oferecer a este cliente. Na logística, usamos a tecnologia para a cadeia de sustentabilidade, fazendo a conexão com fazenda, distribuidor, transportador, para entendermos como está sendo colhido, por onde o produto está passando e se está sendo cuidado.
Isso é um desafio gigantesco da sustentabilidade. Como a tecnologia ajuda a fiscalizar a cadeia de fornecedores?
Ela tem que ser adotada e não imposta. Trabalhamos muito com os nossos fazendeiros, por exemplo, na Costa Rica, na África, em outros lugares, e oferecemos benefícios para eles de tecnologia, que ajudam no dia a dia da produção, pensar na cadeia, não em você. Com isso, eu coleto informações para controlar a minha cadeia de fornecedores.
Quando a Whole Foods vem a Porto Alegre?
Sempre tivemos a ideia de crescer internacionalmente. Temos lojas na Inglaterra e no Canadá. Nosso propósito é oferecer comida saudável para o mundo inteiro.
Por que se tornou sócio da On2?
É uma empresa muito interessante. Eu trabalho com poucas empresas, das quais eu realmente acredito nos fundadores, que buscam fazer a diferença. Na On2, são dois sócios que criaram a BrazilJS. São grandes tecnologistas que se associaram ao Cesar Paz, um empresário brilhante de Porto Alegre. A empresa está ajudando outras, como Toyota, a se transformarem digitalmente e criarem produtos que façam a diferença para o cliente. Todas as empresas querem fazer isso, mas ninguém tem internamente esse conhecimento. Ter empresas que podem trazer esse conhecimento é muito importante.
Digamos que eu tenha uma empresa e quero fazer isso. Como começo?
Entendendo quais os produtos que você tem que criar para atender o cliente, fazendo a venda crescer ou o deixando mais satisfeito. Aí, você usa empresas como a On2 para criá-los de forma eficiente.
E se eu produzo sabonetes?
Criar um aplicativo que ajude o clientes a entender qual sabonete precisa, qual a melhor forma de usá-lo ou quais outros itens podem ser utilizados junto.
Como um executivo administra tantas atividades em empresas?
É foco. A Whole Foods é o meu trabalho principal, mas o dia é feito de 24 horas. Temos que nos associar com pessoas que acreditamos. Eu me dedico fora do horário de trabalho a essas empresas, assessoro, participo de reuniões e discussões sobre o futuro. É escolher as coisas. Não acredito em equilíbrio pessoal e profissional. Para mim, é tudo uma coisa só. Temos que fazer o que gostamos. Eu gosto muito de trabalhar com tecnologia.
Assista ao vídeo da entrevista:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br) Leia aqui outras notícias da coluna