A Petrobras perdeu mais de R$ 32,3 bilhões em valor de mercado só nessa segunda-feira (23), após a queda superior a 6% das suas ações na bolsa de valores de São Paulo, a B3. O valor de mercado é como os investidores enxergam o que a empresa vale, calculado pela multiplicação do número de ações pelo valor de cada uma.
A petroleira, que atingiu seu recorde histórico na última quarta-feira (18), ao fechar em R$ 525,1 bilhões, viu seu valor cair para R$ 483,4 bilhões no encerramento do pregão passado. A forte queda ocorreu porque o conselho da estatal aprovou uma proposta de mudança em seu estatuto, que foi mal recebida. Em nota, a petroleira afirmou que a proposta quer alinhar o estatuto à Lei das Estatais, que está flexibilizada por decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu trecho que restringe indicações de conselheiros e diretores que sejam titulares de alguns cargos públicos ou que tenham atuado, nos três anos anteriores, na estrutura decisória de partido político ou na organização e na realização de campanha eleitoral.
O receio é de que as alterações do estatuto eliminem restrições para indicações políticas para o comando da Petrobras. O histórico não é bom. A ingerência política na estatal provocou estragos nas suas contas, seja por uso dos combustíveis para controle extremo de inflação ou mesmo pelos escândalos de corrupção da Lava Jato.
Embora a empresa tenha dito depois que não haverá redução de exigências, especula-se, sim, um impacto na governança. Os sinais de que isso não vai ocorrer precisam ser mais claros. A assembleia para avaliar as alterações está prevista para ser convocada até dezembro.
Houve ainda uma proposta do conselho da Petrobras para reserva de remuneração do capital. Esta, por sua vez, trouxe incerteza sobre a distribuição de dividendos, que são a parte do lucro da empresa de capital aberto que é dividida entre os acionistas. O entendimento dos analistas de mercado é de que o que está na nota da empresa aumenta a flexibilidade para que a empresa não pague dividendos.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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