Comerciantes do viaduto Otávio Rocha, no Centro Histórico, reclamam que não recebem o cronograma atualizado das obras, que começaram no início do ano. Há três estabelecimentos no nível superior das escadarias. Segundo o Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha), isso gera incertezas na tomada de decisões dos negócios.
Instalado do lado no qual a obra está mais avançada (esquerdo, no sentido Centro-bairro), Renato Pereira Júnior, dono do Armazém Porto Alegre, diz que, para seguir atendendo clientes com mesas na calçada, teve que negociar direto com a Concrejato, empresa que toca as obras no viaduto.
— Eles colocaram tapumes por cima do chão, assim consigo deixar as mesas na rua para os clientes, de onde vem 90% do meu faturamento, já que meu meu espaço interno é muito pequeno — conta.
Está marcado para segunda-feira (11) encontro da Secretaria de Obras e Infraestrutura (Smoi) com moradores e comerciantes do viaduto para apresentar o plano de execução da próxima etapa da obra. Um dos pedidos de Adelino Bilhalva, dono do bar Justo, é ser avisado quando as intervenções chegarão ao seu espaço para que possa dar férias aos funcionários. Para ele, também, a maior parte da receita vem de clientes que consomem na calçada. O secretário da Smoi, André Flores, afirma que as intervenções neste trecho começam nas próximas semanas.
— O bloqueio é parcial, precisa acontecer para a obra avançar, mas todos vão continuar atendendo. Faremos um corredor (de acesso). Quando libera a passagem de um lado, bloqueia o outro, e assim vai indo. Todos terão acesso aos seus estabelecimentos e às suas casas — garante o secretário.
Em relação aos espaços comerciais no nível da Avenida Borges de Medeiros, a prefeitura não sabe ao certo quantos permissionários retornarão aos seus pontos originais. Havia 33 ocupantes antes da retirada temporária. Esses espaços estão passando por obras de readequação, com troca de piso, restauração das portas originais e instalação de rede de água, esgoto e internet.
A coluna procurou também o Bar Tutti Giorni, que também fica na escadaria onde as obras estão acontecendo, porém não teve retorno. No local, acontecia um encontro semanal de samba, no qual os frequentadores ficavam nas escadarias. Com o bloqueio parcial, o evento foi transferido para o nível da calçada, na esquina da Rua Jerônimo Coelho.
Futuro da obra
Tombado pelo patrimônio histórico, o viaduto precisa ser revestido com uma argamassa do tipo "cirex". Por cima dela, será passada uma camada de um produto anti pichação para conter atos de vandalismo. Também haverá um posto da Guarda Municipal no espaço, onde será feito monitoramento com câmeras de vigilância.
A Smoi promete entregar o viaduto pronto no primeiro semestre de 2024. O lado que já passa por obras será concluído em dezembro, quando será liberado o acesso para pedestres no nível da Borges de Medeiros. Do valor estimado para a obra, de R$ 14,85 milhões, já foram gastos R$ 2,6 milhões.
Colaborou Guilherme Gonçalves
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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