Mais um sinal da dificuldade financeira enfrentada pelo grupo Paquetá, empresa calçadista gaúcha com atuação em indústria e varejo e que tem 7 mil empregados. A empresa parcelou o último salário dos funcionários. Apenas metade foi paga agora no início de abril. A informação foi confirmada pelo Sindicato de Sapateiros de Sapiranga, cidade onde fica a sede da empresa.
— Anunciaram o parcelamento do salário e pagaram os primeiros 50%. O restante pode entrar a qualquer momento, mas ainda não foi pago. A empresa diz estar esperando entrar o dinheiro — disse o secretário-geral da entidade, Leandro Rodrigues dos Santos, acrescentando que a empresa optou por pagar metade para todo mundo do que escolher apenas um grupo para receber o montante cheio.
Novamente, a coluna entrou em contato com a empresa e com o escritório de advocacia que a representa no processo de recuperação judicial e não obteve retorno. Recentemente, 90 funcionários foram demitidos da operação de Sapiranga. Cortes estão sendo feitos também nas unidades industriais da Bahia e do Ceará, além de algumas demissões pontuais no varejo. Na ocasião, em nota, a Paquetá disse que uma retração na economia mundial afeta o consumo de calçados, o que impacta a produção da empresa: "Neste momento, em 2023, para adequarmos novamente as demandas foi necessário a redução da nossa força de trabalho nas nossas unidades produtivas, buscando a perpetuidade do negócio".
Recuperação judicial
O Grupo Paquetá entrou em recuperação judicial em 2019. Dois anos depois, teve o plano de reestruturação aprovado pelos credores. À época, a dívida estava estimada em R$ 428 milhões. Há quase um ano, o grupo vendeu a Esposende, operação de varejo multimarcas com 48 lojas no Nordeste, ao Grupo Dok. A negociação fez parte da reestruturação.
Apesar das dificuldades financeiras, a Paquetá está entre as maiores varejistas do país. Segundo o último ranking da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), o grupo vendeu R$ 386 milhões em 2021, uma queda de 33% sobre o ano anterior.
Crescem as especulações no mercado de que estão avançadas as negociações para venda de mais ativos, especialmente do braço de varejo do grupo. Se confirmada, precisa ser aprovada pelos credores e autorizada pela Justiça. Aliás, o período de recuperação judicial da Paquetá termina em 2023. Pela situação financeira, fontes que acompanham o processo acreditam que a empresa terá que fazer o pedido de uma nova recuperação.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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