Indústria gaúcha com sede na Serra, a Randon comprou 51% do controle da DBServer, empresa de Porto Alegre que desenvolve softwares e soluções tecnológicas para negócios. A aquisição foi negociada por R$ 23,2 milhões. Para detalhar a estratégia, o programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha, entrevistou o vice-presidente e CTO (diretor de tecnologia) da Empresas Randon, Daniel Martin Ely, e o sócio-diretor da DB, Verner Heidrich:
O que representa a compra dentro da estratégia da Randon?
Ely: Mais um passo bastante importante no nosso projeto de futuro. Cada vez mais, as indústrias também estão se transformando em empresas de tecnologia e há uma necessidade de avançarmos em plataformas e sistemas, com pessoas qualificadas. Temos mais de 15 anos de parceria com a DB. Também vem a atender um crescimento que a DB está buscando para entrar em mercados que são de interesse da Randon, como logística e transporte, que são muito carentes desse tipo de desenvolvimento.
Como atender também clientes e fornecedores da Randon?
Ely: Isso. Nós temos uma vertical, como chamamos, que são serviços financeiros e digitais que disponibilizamos para o ecossistema de transporte e logística, desde o transportador, o desembarcador, o motorista aos postos de combustíveis. Ele pode ter uma conta digital, um consórcio digital, ter acesso a um seguro de carga ou de frota. Então, apesar de nós estarmos adquirindo 51%, a DB continua o seu voo de crescimento, com total autonomia para crescer e expandir. Obviamente que parte do crescimento estará voltada para as empresas Randon.
Diversifica os negócios do grupo?
Ely: Seremos pouco mais de 15% do faturamento da DB. A maior parte continuará com os clientes atuais e se expandindo. Poderemos abrir portas. Tem uma lógica diferente de pensar, que é trabalhar juntos, não caminhar sozinho.
Como foi a decisão e o que isso representa para a DB?
Heidrich: Começamos desenvolvendo soluções que eram muito específicas para a Randon e que ajudaram a empresa em alguns dos seus negócios. A história da DB é de se tornar parceira. A maioria dos nossos grandes clientes tem mais de 10 anos de relação. Não é uma relação comercial transacional. Podemos começar com um pequeno projeto, entrega e já entra outro, fazendo um ciclo virtuoso de serviços e de crescimento. Nos tornamos especialistas no negócio do nosso cliente.
É possível que esse mesmo software que atende a Randon venha a atender o Carrefour, que é outro cliente de vocês?
Heidrich: Por exemplo, um sistema financeiro para a Randon tem a propriedade intelectual do cliente. Fazemos para atender a necessidade daquele cliente, então é difícil transformá-lo em produto. Mas entendemos que, para ganhar escala, exige a presença de produtos ou de plataformas que possam ser reutilizadas ou oferecidas até como serviço digital. Isso sempre foi uma busca do Santo Graal. Nos identificamos muito com o jeito da Randon, e dissemos "olha, gostaríamos muito de ser parceiros e não uma empresa comprada". Não estávamos à venda. Houve respeito à nossa história, nossa experiência.
A operação será ampliada?
Ely: Precisamos avançar em alguns projetos estratégicos da Randon, como abrir uma filial da DB em Caxias do Sul para atender as necessidades das empresas do grupo. Nela, teremos polenta, vinho, todo o ritual. A filial São Paulo e a matriz, em Porto Alegre, continuam atendendo os demais clientes. Já tínhamos uma estrutura dentro da Randon, que, agora, vai para dentro dessa filial junto com mais pessoas que a DB vai colocar. A equipe para a Randon dobra de tamanho já em janeiro. Temos em torno de 80 pessoas nessa área e vamos para 160. A tecnologia é a forma, mas se não tivermos essas pessoas, não avançamos nos softwares. Vamos tocar dois projetos muito estratégicos, que são a plataforma de serviços financeiros e um projeto para manufatura, que é a comunicação entre as máquinas do grupo Randon, gerando dados e outras informações de valor.
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.