Com Copa do Mundo, Black Friday e Natal, o comércio do Rio Grande do Sul fará maior contratação de temporários desde 2014. São 7,76 mil vagas de emprego, estimou o chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes. Confira entrevista do economista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha:
Entre as três datas, qual anima mais o lojista?
Olhando o comércio como um todo, posso assegurar que serão as vendas de Natal. É a principal data de vendas, movimenta mais de R$ 60 bilhões. A Black Friday é, também, uma data importante, mas movimenta setores específicos, principalmente pela internet. Mas o Natal mexe até com o mercado de trabalho. É bom lembrar que viemos de dois anos atípicos, especialmente 2020, quando estávamos meio perdidos quanto ao desenrolar da crise sanitária. A situação já foi melhor em 2021, mas podemos dizer que o Natal de 2022 é o primeiro pós-normalização no fluxo de consumidores.
O consumo represado antes da eleição ocorrerá agora?
O consumidor anda bastante cauteloso. O processo eleitoral foi atípico. Como assumir uma prestação, quando não se sabe como estará a economia no ano que vem. Segmentos que dependem da venda a prazo sentem mais. Se olhar o todo, as vendas devem crescer 2,1% em relação ao Natal passado, já descontada a inflação. Só que é um pouco desequilibrado. Seguramente, veremos uma movimentação maior em supermercados e no segmento de vestuário, com as compras para não deixar passar o Natal em branco. Já a outra ponta sente a cautela do consumidor e o juro alto, como móveis e eletroeletrônicos.
Consumidor usará a Black Friday para antecipar compras de Natal?
É uma mudança no hábito do consumidor. A Black Friday tem o apelo dos preços atraentes, e o país passou por uma inflação alta. Então, muitos vão aproveitar para comprar o presente. É difícil o salário médio da população vencer uma inflação que ainda tem um rimo alto, de 7% em 12 meses.
Tem margem para bons descontos?
É um desafio para o varejo. A inflação no atacado passa de 18%. Não dá para reter tudo e nem passar tudo ao consumidor. O grosso do varejo tem repassado só a metade, fazendo uma ginástica para conseguir movimentar as lojas. Não pode assustar o cliente. A taxa de juros no Brasil está no maior patamar desde a Copa da Rússia. Mas a venda da Black Friday via crescer, principalmente com a digitalização do consumo.
Para quando a entidade projeta a redução da taxa de juro Selic?
A expectativa é de que, finalmente, em 2023, mas lá para o final do ano, a taxa de inflação volte para o intervalo de metas, ou seja, abaixo de 4,75%, que é o teto. O juro básico da economia deve começar a cair a partir do início do segundo semestre. Ou seja, vamos passar todo o primeiro semestre com uma taxa de 13,75% ao ano, o que desacelera a economia, fazendo com que o PIB cresça pouco no ano que vem. Deve ser um ano não de tanto consumo, de tentar arrumar a casa depois de tantas medidas na pandemia. Não tem mais espaço no orçamento para expandir os gastos do governo e estimular a economia.
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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