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As Forças de Apoio Rápido (FAR) do Sudão e uma coalizão de grupos políticos e armados assinaram uma carta fundacional para estabelecer um governo paralelo no país, devastado pela guerra, informaram várias fontes neste domingo (23).
"Está feito", declarou à AFP uma fonte próxima aos organizadores da cerimônia de assinatura, que aconteceu a portas fechadas durante a noite em Nairóbi, capital do Quênia.
O Sudão é cenário de uma guerra desde abril de 2023 que envolve os paramilitares das FAR, liderados pelo general Mohamed Hamdan Daglo, e o exército, com o general Abdel Fatah al Burhan à frente, que governa de fato o país, um dos mais pobres do mundo.
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Os signatários do documento, consultado pela AFP, afirmam que pretendem criar um "governo de paz e unidade" nas áreas controladas pelos rebeldes no Sudão.
Também se comprometem a "construir um estado laico, democrático, descentralizado, baseado na liberdade, igualdade e justiça" sem preconceitos "culturais, étnicos, religiosos ou regionais".
O documento não especifica onde ficaria a sede do governo, mas afirma que seu objetivo será acabar com a guerra e garantir o acesso à ajuda humanitária sem obstáculos.
As Forças Civis Unificadas, uma ampla coalizão de partidos políticos, representantes da sociedade civil e facções armadas, confirmaram a assinatura à AFP, assim como Alaa El Din Nuqd, representante dos sindicatos sudaneses.
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Uma facção do Movimento de Libertação do Povo do Sudão-Norte (MLPS-N) também assinou o texto, assim como Abdel Rahim Daglo, irmão e número dois do comandante das FAR.
A guerra matou dezenas de milhares de pessoas, provocou a fuga de mais de 12 milhões de pessoas e gerou as maiores crises de fome e deslocamento do mundo.
* AFP