Um indicador dos Estados Unidos jogou mais um balde de água fria aqui no Brasil nesta quarta-feira (13), até mesmo na expectativa de redução de preços de combustíveis. A inflação norte-americana veio em 1,3%, acima do previsto, de 1,1%. Parece pouco, mas já foi o suficiente para mais do que dobrar a fatia de investidores que acham que o Federal Reserve - banco central norte-americano - vá elevar o juro em 1 ponto percentual na próxima reunião.
É, novamente, uma pisada forte no acelerador do aperto monetário. O banco trabalhava com elevações de 0,5 ponto percentual. Com a inflação persistente, avançou para 0,75 ponto percentual na última reunião do Fomc, o comitê de política monetária dos Estados Unidos. O presidente Joe Biden também tem a inflação como seu principal desafio. Aumentos de combustíveis, energia, alimentos e veículos estão entre as pressões.
Há dois efeitos imediatos e que se espalham mundialmente. Um deles é o impacto nas ações negociadas em bolsas de valores, já que juro mais caro trava a economia, aumenta o risco de recessão e, claro, impacta o desempenho das empresas. O Ibovespa, por exemplo, engatou uma queda após a divulgação, ficando nesta manhã abaixo de 98 mil pontos.
O outro reflexo é a valorização do dólar, pois juro em alta atrai investidores para os Estados Unidos em busca da rentabilidade. A cotação está girando em torno de R$ 5,45 nesta manhã. Esse comportamento do câmbio dificulta a esperada redução de preços dos combustíveis pela Petrobras nas refinarias, mesmo com a queda forte do petróleo nos últimos dias. O barril chegou a ficar abaixo de US$ 100 pela primeira vez em meses.
Cálculo do economista João Fernandes, da Quantitas Asset, aponta defasagem de -2% na gasolina e de -3% no diesel. Isso significa que está abaixo dos preços internacionais, porém a defasagem costuma ser bem maior, ficando acima de 10%. Ou seja, há espaço para redução. De um lado, a estatal evita tomar decisões em dias de oscilação, mas, por outro, seria bastante favorável no movimento do governo federal de conter a inflação do país.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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