Pela primeira vez na história, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) definiu reajuste negativo para os planos de saúde individuais e familiares. Com isso, as operadoras terão que aplicar, pelo menos, -8,19% de ajuste na mensalidade. Mas será que, na prática, o boleto virá com um valor menor nessa mesma intensidade? Não necessariamente.
Há ainda dois fatores que pesam na mensalidade. Um deles trata-se do reajuste de +8,14% do ano passado. A aplicação dele foi adiada pela ANS para janeiro de 2021 devido à pandemia e está ocorrendo de forma parcelada em 12 vezes. E tem ainda a mudança de faixa etária que pode estar ocorrendo para alguns usuários, o que costuma elevar o valor do plano de saúde. E, para fechar, a redução é aplicada a partir da data de aniversário de cada contrato, que pode ser entre maio de 2021 e abril de 2022.
Ainda assim, é um alívio para o bolso de 8,1 milhões de beneficiários, o que corresponde a cerca de 17% do mercado de saúde suplementar. Também pode, pela concorrência, provocar reajustes menores e até negativos para os planos de saúde corporativos ou empresariais por adesão. Há relatos de altas de até 20% neste ano, o que não se justifica considerando que a redução de custos foi setorial. Negociações devem se acirrar.
Com o reajuste negativo, a Ativa Investimentos chegou a revisão para baixo a sua previsão para a inflação para 2021 dado o peso da despesa no orçamento familiar. A corretora baixou a projeção para o IPCA de 6,1% para 5,9%. É uma boa notícia em meio às altas da conta de luz e dos combustíveis.
O alerta é para 2022. A redução é possível agora porque a pandemia reduziu a busca por procedimentos eletivos em 2020, diminuindo os custos das operadoras de saúde. Mas a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) diz que 2021 já está com uma realidade completamente inversa, o que pode levar a um aumento forte no ano que vem:
"A segunda onda da pandemia, que foi bem mais intensa do que a primeira, o retorno da demanda reprimida de procedimentos eletivos e a elevação dos preços de medicamentos e demais insumos, inclusive com aumento de tributação, ampliaram significativamente as despesas, o que impactará fortemente no reajuste de 2022."
Coluna Giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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