Com sede em Tapejara e completando 30 anos de mercado, o Grupo Agrodanieli investiu R$ 35 milhões em 2020 para automatizar processos, lançar uma nova unidade de tratamento de água e criar produtos. Para falar sobre isso e também entender como a empresa está lidando com a crise, o programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha) conversou com o diretor-executivo Rafael Danieli. Confira:
Qual a estrutura da empresa hoje?
A Agrodanieli foi fundada pelo meu pai, Adelirio, e meu tio Claudiomiro. Hoje, a empresa é composta por toda a cadeia, desde o recebimento de grãos, como soja e milho, passando pela industrialização e temos uma fábrica de esmagamento onde se produz o farelo de soja. Grande parte desse produto é destinado para nossa própria ração, para alimentar nossos animais. Temos também um incubatório, com capacidade para toda a nossa cadeia, além da fábrica de rações.
Para vocês, é importante estar presente em todas etapas da cadeia econômica?
Sim. Além de entendermos que tem um custo mais competitivo, há também um controle de qualidade. Tudo gira dentro da nossa cadeia, capta o grão, vai para nossa ração e tem o incubatório para ir aos nossos integrados. Hoje, temos mais de 400 parceiros integrados para produzir o frango e voltar para o frigorífico.
Assista à entrevista completa:
O mercado de vocês é local? Ou vocês exportam?
Hoje, atuamos fortemente no varejo, focados principalmente no Rio Grande do Sul. Um pouco mais de 50% do nosso volume fica no Estado. Uma parcela boa fica em Santa Catarina e no Paraná. Atuamos também em todos os outros Estados do Brasil, mas com vendas pontuais. Exportação tem uma pequena fatia, em torno de 15% do nosso volume. O nosso foco não é exportar, mas ajuda com a variação cambial.
Para dar uma diversificada, acredito. Mas o pessoal aqui do Sul tem fome o suficiente, não?
Tem! Estamos com um projeto bacana há alguns anos para focar ainda mais no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, trazendo novas opções. A ideia é trazer o produto mais para perto para favorecer a região e por questões de logística.
Vocês empregam quantas pessoas?
Hoje, um pouco mais de 2,4 mil funcionários.
E esse momento peculiar que estamos vivendo, temos uma pandemia, mas setores muito aquecidos. Isso acaba provocando queda na oferta de insumo, aumento de preço. Vários setores enfrentam essa trava para recuperação. Ao mesmo tempo, há o receio do que vai acontecer nos próximos meses. O dólar pode estimular a exportação, mas, também, prejudica quem importa. Como o grupo se situa neste cenário?
Era um ano muito promissor, estávamos muito entusiasmados e começou muito bem. Porém, a pandemia veio e nos forçou a readequar bastante coisa, como os investimentos. Investimos bastante, mas prevíamos um valor maior. Os custos estão muito altos, pressionando o aumento do preço da carne ao consumidor. O preço do milho e da soja dobrou, o que é o principal agravante da cadeia do frango e do suíno. Vários ingredientes da ração têm matéria-prima importada, "dolarizada". Então, você pega um dólar de R$ 4, no início do ano, para quase R$ 6, é um aumento relevante. Há ainda a pouca disponibilidade de embalagens, como plástico e papelão. Então, é um ano bastante desafiador. Tem uma dificuldade de repassar o preço, porque o frango já é uma proteína de baixo custo, mas não há como absorver sem repassar. Não tenho como segurar o animal no campo sem comer.
Quanto vocês investiram e no que?
Resolvemos manter alguns investimentos que, somados, têm um valor aproximado de R$ 35 milhões. Eles são, principalmente, em processos do abatedouro, melhorias na parte de automação e processamento, rendimento. Fizemos também uma estação de tratamento de água em um dos frigoríficos, além de produtos novos. É o caso da nova linha de bandejas, que, para nós, são um produto bastante inovador, de alta qualidade e que não tem igual no mercado. O primeiro frango enriquecido e fonte de Ômega 3 do Brasil foi um dos principais investimentos.
Vocês estão fechando o ciclo da cadeia econômica?
Isso. Aproveitamos tudo. Temos uma unidade de subproduto. A víscera, o sangue e a pena do frango vão para esse local, de onde saem três produtos que, em parte, são consumidos na própria indústria. São eles: óleo de aves, farinha de penas e farinha de víscera, que são matéria-prima para produção de ração de animal de estimação. E o restante do resíduo vai para compostagem acelerada e isso volta em formato de adubo orgânico para terra.
E para 2021, qual a perspectiva?
Na Europa, está surgindo uma segunda onda e todo mundo fica na expectativa. Aqui, até o final do verão, temos um cenário melhor, mas, se não surgir uma vacina, há receio para ano que vem. A ideia é retomar os investimentos que seguramos no segundo semestre de 2021. O cronograma está pronto, mas sem o "start" (início, em inglês) oficial. Mas a expectativa é boa, estamos apostando e fazendo a nossa parte.
Ouça também a entrevista no programa Acerto de Contas (domingo, às 6h, na Rádio Gaúcha). Além da conversa com Rafael Danieli, o programa noticiou um novo bairro planejado e um parque de entretenimento perto da Orla do Guaíba. Confira:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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