
A gravidade do episódio em que Edenilson acusa o jogador Rafael Ramos de injúria racial durante a partida entre Inter e Corinthians, pelo Brasileirão, merece um posicionamento forte da CBF. Já passou da hora de uma mudança nos regulamentos das competições nacionais prevendo um protocolo claro a ser seguido em episódios de discriminação.
No jogo de sábado (14), no Beira-Rio, o árbitro Bráulio da Silva Machado não se omitiu de relatar em súmula o que era possível. Como não ouviu o que Rafael Ramos disse a Edenilson, o juiz colocou no papel as versões apresentadas pelos dois jogadores dentro de campo.
Atualmente o regulamento é muito subjetivo. Falta também diretriz clara para episódios dessa natureza e isso limita a atuação do árbitro, que é a autoridade dentro de campo.
Vale lembrar que o mês de maio começou com uma manifestação do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, propondo punição "mais dura" para casos de racismo e sugerindo até mesmo a perda de pontos para as equipes.
A declaração de Rodrigues fazia referência a episódios gerados por torcedores nas arquibancadas. Um fato ocorrido dentro de campo tem ainda mais gravidade.
A grande questão é que a CBF quer promover as mudanças somente a partir do ano que vem. Diz que não há como movimentar regulamentos já aprovados para a atual temporada. Considero isso um erro.
Não estamos falando de um assunto normal. É um caso que começou dentro de campo, virou prisão em flagrante no vestiário e Rafael Ramos só foi liberado após pagar fiança.
Ou seja, estamos tratando de algo extraordinário. Que precisa ser apreciado imediatamente. A urgência do caso Edenilson gera a necessidade de uma resposta rápida da CBF. Medidas práticas e palpáveis precisam ser tomadas.
Não podemos ficar reféns da subjetividade ou tratando casos de racismo como episódios que causam indignação e depois morrem no esquecimento.