
No ano passado, o Palmeiras rifou a estreia na Libertadores em meio às finais do Paulistão. Saiu na frente com reservas contra o Bolívar, mas levou 3 a 1 do Bolívar, na mesma La Paz em que o The Strongest espera o Grêmio. Só que era o Água Santa. Agora será Gre-Nal. Não tem nem comparação.
As dúvidas estão na Arena. O Inter abre a Sul-Americana aqui pertinho, em Córdoba-ARG, sem desgaste e podendo escalar Fernando, Borré, Thiago Maia e Alexandro Bernabei, não inscritos no Gauchão.
O Grêmio vai se esgualepar na altitude criminosa de La Paz. Como decidir o Gauchão, ainda mais se for Gre-Nal, contra um Inter descansado, no Beira-Rio, após aquela tortura? Penso que o primeiro clássico será o norte, caso ambos realmente passem por Caxias e Juventude.
Se o Grêmio perder, cogito a chance de desidratar a finalíssima, dentro daquele discurso de "ah, mais um Gauchão: ganhei os últimos seis e quero o tetra da América". Aí reforça o time em La Paz em um grupo chato, sem facilidades. Do contrário, se no mínimo empatar na Arena, é time Z na Bolívia para buscar o hepta e criar crise no Colorado.
Grêmio não teve azar, mas o grupo é chato
Azarado foi o Galo: Peñarol, Rosário Central e Caracas. Só pedreiras e uma viagem continental. O Palmeiras sofrerá com Del Valle, o terror dos brasileiros, San Lorenzo e Liverpool-URU. Defino o grupo do Grêmio como chato.
O Estudiantes renasceu sob a presidência do mitológico Verón. É tetra da América. Uma força da Argentina. Sem falar que haverá reminiscências da Batalha de La Plata, em 1983. A altitude de La Paz, com o The Strongest, é um inferno. Aquilo não é futebol. Por fim, 11 anos depois, o Huachipato, no Chile, que já derrotou o Grêmio, em 2013. Qualquer bobeada complica. Grupo chato.
A sorte do Inter no sorteio
No sorteio, os deuses do esporte abençoaram o Inter na Sul-Americana. O Real Tomayapo, do sul boliviano, além de novo (fundado em 1999) e sem torcida, nem ranqueado é na Conmebol.
O Delfín, do Equador, joga num estádio conhecido, onde o Colorado já esteve, em Manta, não muito longe de Guayaquil. O mais difícil seria o Belgrano, da aguerrida Córdoba. Nunca duvide dos argentinos.
Só que os "hermanos" começaram o ano mal. Com o elenco que o Inter formou, tudo o que não for primeiro lugar e classificação sem sustos será surpresa. E não pode reclamar de logística.
As distâncias estão na gênese da competição. Dela participam clubes médios e pequenos do interior dos países de língua espanhola. É impossível escapar a essa realidade. Deu sorte até nesse aspecto. Não terá de ir aos rincões profundos de Venezuela ou Colômbia.
Podia ser pior. Além do mais, o Inter se preparou para situações assim ao encorpar o elenco em qualidade e quantidade. Sou voz derrotada nisso, reconheço, mas considero a Sul-Americana um torneio mais interessante e envolvente do que a Copa do Brasil.