Nada contra o Grêmio, em uma situação atípica e de instabilidade, chamar Felipão para comandar o vestiário de cascudos e fechar a casinha. É mais fácil se defender do que atacar. Tomando menos gols, a chance de perder cai bastante. O pensamento em si é medíocre, mas são raros os remédios doces. A maioria é amargo mesmo, mas tem de ser ministrado.
Tratamento de choque mesmo. Do jeito que estava não podia ficar. Só que se defender não é um fim em si mesmo. Vale o mesmo para dar a bola ao adversário. Não há jogo de reação sem reagir. Não há jogo de contra-ataque sem escapadas em velocidade. Este é o desafio de Felipão, com o asterisco de não conseguir treinar: a dosimetria. Para sair do Z-4, o Grêmio terá de não apenas se fechar e rezar por uma bola.
Se fizer linha de seis lá atrás, mais dois volantes de marcação, como diante da LDU, o ataque some. E o meio-campo também. Restou a lentidão de Jean Pyerre e Diego Souza para puxar contra-ataques. Leo Pereira e Alisson viraram laterais defensivos. Contra o América-MG, que estacionará dois caminhões na frente da sua área, o Grêmio terá de sair. Empate em 0 a 0 é péssimo.
Não se trata de "faceirice", de se abrir, mas sim de algumas escolhas moderadas. A manutenção de Vanderson. Um volante de mais mobilidade (Darlan) em vez de dois marcadores. Um ponteiro que drible e vá para cima, Gui Azevedo ou Léo Chú, em vez de Léo Pereira. Insisto em Guilherme Guedes, em vez dos inoperantes Cortez e Diogo Barbosa. Ele é o Vanderson do lado esquerdo. Um pouco de risco, um risquinho que seja, o Grêmio terá de assumir contra o América-MG para não ficar tão capenga na arte do equilíbrio entre ataque e defesa.