Olhando para as contas aprovadas do Grêmio, compreende-se porque o clube se permitiu não vender Luan como poderia e fez tanto jogo duro no preço dos seus 50% de Everton, ao ponto até de afugentar compradores.
Desde 2015, mas sobretudo nestes quatro últimos exercícios com superávit, o Grêmio vem se preparando para depender menos da venda de jogadores. Totalmente, é impossível. A América da Sul será sempre produtora da matéria prima, e não compradora.
Os europeus, do Oeste ou do Leste, nunca deixarão de levar nossos talentos, e cada vez mais imberbes. Mas dá para construir uma gestão que permita manter ídolos por mais tempo, faturando só depois de festejar títulos ou montar equipes competitivas – vale lembrar que só um ganha.
Em 2019, as receitas com venda de jogadores caíram 20% na comparação com 2018, mas nem por isso o Grêmio deixou de festejar sobra de R$ 22 milhões no cofre, valor que salta a R$ 122 milhões no acumulado de cinco anos.
Como é possível passar tão longe das expressões "rombo" ou "quebra", comuns no Brasil?
Se o dinheiro da venda de jogadores caiu, as outra receitas aumentaram: matchday (7%), marketing (8%), transmissão de TV (29%), pay per view (11%). Mesmo com folha salarial e gastos com futebol aumentados pela valorização do elenco, o Grêmio fechou o ano no azul, batendo recorde de arrecadação: R$ 420 milhões. Esta solidez será decisiva para ajudar na travessia pós-pandemia.
Há gordura para queimar.